Danke Mannschaft

Ainda não acabou o Mundial, mas achei que deveria escrever umas palavrinhas sobre este acontecimento, a par das Olimpíadas, o maior evento desportivo do planeta de quatro em quatro anos.

Partindo do princípio de que este desporto se joga com onze de cada lado e no final vence a Alemanha, achei que havia gente a mais a botar discurso na TV. Comentadores desportivos deveriam ser na minha opinião especialistas, entendidos, peritos, conhecedores – enfim, personagens que trouxessem valor acrescentado às transmissões. Mas não. Salvo raras excepções, e estas só na SportTV, e sobretudo quase exclusivamente nos comentários em directo ao lado do narrador, quem botava discurso era de bradar aos céus.

Então nos painéis a quatro ou mais, era de partir o aparelho. Falam todos uns por cima dos outros, o que me leva a pensar, comparando ao Dia Seguinte, ao Prolongamento, ao Trio de Ataque, ao Mais Futebol, etc., etc., que falar quando o colega está ele mesmo a falar, interrompendo com a voz ligeiramente mais alta, do estilo “desculpa, lá, mas só queria dizer” e tumba, aí vai mais umas explicações que tem de sair mesmo naquela altura, qual iogurte que se não for consumido no prazo pode fazer mal, esta forma de actuar é apanágio de comentador futebolístico. Mas, aquilo faz-me sempre mal ao coração, é má educação e, mais ainda e para mim pior, ninguém percebe nada do que está a ser dito. Exaltado, desliga-se o aparelho e dizem-se uns palavrões, voltando só a ligá-lo para o jogo em si e não para os comentários antes e depois do mesmo.

Eu pensava que Portugal era um País de comentadores políticos. Enganei-me redondamente. Isto aqui é mais comentadores desportivos e nestes mais dos de futebol. Mas, daqui a pouco tudo volta à normalidade, ou seja, voltamos ao futebol nacional e aos problemas clubísticos.

Ah, quase me esquecia de citar porque é que escrevi esta peça para a Absolute Motors. É que o meu País de origem, Portugal, esteve no mínimo desastrado nesta participação. Portanto, alta nota negativa. O outro, o meu País de naturalização, a Alemanha, foi no mínimo espectacular, mostrando porque é que os Sauerkraut estão quase sempre na liderança do que quer que for. E mais: quando se chega para ter uma atitude mais branda e social, aí também são imbatíveis! Ou vocês acham que, no lugar deles nos sete a zero ao Brasil, haveria algum outro País que no intervalo chamasse a equipa que ia para a segunda parte e lembrasse que estavam a jogar contra uma outra grande potência do futebol mundial, que estavam no Pais anfitrião e frente a um onze de grandes estrelas e que, portanto, havia que respeitar o adversário e na segunda parte, que ia começar dali a instantes, nada de malabarismos, de olés, de fintas assim a modos que a acabrunhar os brasileiros. Respect foi a palavra de ordem e assim aconteceu. E isto depois de cinco a zero após 30 minutos de jogo…

Danke Mannschaft, obrigado pela lição de civismo de Belo Horizonte.