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A afinação da rolex

Artigo
A afinação da rolex

É incontornável: quando os jornalistas chegam a Baselworld, e irrompem pelo pavilhão principal no dia inaugural destinado à imprensa, a primeira coisa que fazem é seguir diretamente para o stand da Rolex. A explicação é simples e nem tem propriamente a ver com o facto de a Rolex ser ou não a marca mais importante em exposição – e nem é, se forem seguidos parâmetros de alta-relojoaria, mas sê-lo-á tendo em conta o volume de produção/faturação e, sobretudo, porque é uma manufatura relojoeira que simplesmente não permite fugas de informação. Ou seja: as novidades são mesmo novidades, não novidades apresentadas antecipadamente sob embargo, como sucede com muitas outras marcas relevantes.

Outra razão preponderante para o afã e curiosidade jornalística tem a ver com o facto de a Rolex parecer que se move a uma velocidade glacial relativamente a alterações no seu catálogo e introdução de novidades – embora na realidade seja uma empresa inovadora, que segue inexoravelmente o caminho que trilhou com o aperfeiçoamento constante da sua fórmula técnica/estética. E se qualquer detalhe que seja novo acaba por ser muito mais relevante numa análise global do que possa parecer à primeira vista, a introdução de um novo modelo suscita logo grandes parangonas.

Não foi propriamente o que aconteceu este ano, mas as novidades merecem ser devidamente analisadas – e essas novidades prendem-se com a afinação de vários modelos-chave da coleção, a apresentação de um novo calibre automático e a estreia de um tipo de bracelete nunca antes utilizado na sua história.

Para começar, houve uma inesperada renovação do emblemático Oyster Perpetual Day-Date – inesperada porque a atualização estrutural do modelo que melhor representa o lado opulento da Rolex (só existem versões em ouro e platina e com bracelete a condizer) ocorreu há não muito tempo, com a adoção da nova caixa Oyster (asas mais largas) e a passagem a um diâmetro mais contemporâneo (41 mm). Essa nova caixa foi agora afinada, passando a ostentar 40 mm; aparar somente 1 mm pode parecer pouco, mas o resultado final num relógio é significativo e o novo tamanho assenta perfeitamente em qualquer pulso.

Lançado originalmente em 1956, como o primeiro relógio com a indicação do dia e da data de mudança instantânea, e uma bracelete inconfundível, denominada President, o Oyster Perpetual Day-Date rapidamente ganhou o cognome de Relógio de Presidentes por ser visto no pulso de presidentes e líderes mundiais nos mais diversos âmbitos – do desporto à indústria, passando evidentemente pela política. Claro que o facto de ser somente declinado em ouro, e de a bracelete em metal precioso aumentar significativamente um preço final que só estava ao alcance de muito poucos, também contribuiu para a sua lenda.

O novo Day-Date foi introduzido em quatro versões de 40 mm com uma caixa que, para além das asas ligeiramente remodeladas, também apresenta uma restruturação da secção média e ainda novos mostradores – para além do novo Calibre 3255. O quarteto é formado pelo modelo em platina 950 dotado de um mostrador azul glacial (como é hábito nos modelos em platina) e pelas três versões em ouro – Everose (a liga especial em ouro rosa da Rolex), ouro amarelo e ouro branco.

O novo Calibre 3255 é certificado pela COSC e pela própria Rolex, sendo dotado de uma reserva de corda de 70 horas e do novo sistema de escape Chronergy patenteado pela Rolex – sendo construído em fósforo de níquel, um material que não é sensível à interferência de campos magnéticos, tão perniciosa para a precisão.

Para além do Oyster Perpetual Day-Date, a Rolex também apresentou novas versões de um dos grandes pilares do seu catálogo – o Oyster Perpetual, base da coleção desde 1926. Passa a existir uma nova caixa de 39 mm com bracelete metálica escovada, como sucede com o Explorer renovado em 2010, que se junta aos tamanhos 26 mm, 31 mm, 34 mm e 36 mm. E há novas variantes de mostrador comuns aos vários tamanhos; na nova versão de 39 mm, o mostrador que mais chamou a atenção foi o de tom antracite com detalhes em azul. Os mostradores em tom champagne e uva nos outros também mereceram destaque por parte da crítica.

Se o Day-Date simboliza o lado opulento da Rolex, a linha Professional personifica a vertente da marca da coroa que tantas vezes é esquecida – a busca incessante pela precisão em qualquer lado e quaisquer circunstâncias, desde o ponto mais profundo ao mais alto do planeta. São relógios práticos, praticamente imperecíveis, concebidos para funcionar para sempre no pulso… e que tanta fama granjearam à Rolex por estarem associados às maiores descobertas, às explorações, ao desporto, a campeões. O Cosmograph Daytona integra a linha Professional, mas manter-se-á como o único modelo da coleção que continua sem a atualização estrutural (arquitetura da caixa, mostrador das versões-base) de que já beneficiaram todos os restantes modelos da marca há já vários anos… pelo que o suspense irá continuar. Mas houve uma (única) novidade na linha Professional: uma nova versão do Oyster Perpetual Yacht-Master com pormenores que constituem novidade absoluta na história da Rolex.

Trata-se do Yacht-Master em Everose de 18 quilates (nos tamanhos 40 mm e 37 mm), com um inédito mostrador negro e luneta Cerachrom preta de algarismos em relevo… acompanhado da primeira bracelete cauchu de sempre da Rolex, que, na verdade, nem é propriamente de cauchu – é designada Oysterflex e patenteada devido ao facto de integrar no seu interior uma lâmina de metal superelástico (em titânio e níquel) que é revestido por borracha vulcanizada da última geração. Ao contrário de outras braceletes em cauchu, não poderá ser cortada devido a esse núcleo metálico.

Para além disso, a bracelete Oysterflex tem também uma membrana (patenteada, claro) interior, que permite uma “colagem” ideal ao pulso para um conforto superior. Uma solução genial porque aparentemente simples mas extraordinariamente eficaz – um autêntico “Ovo de Colombo” que terá deixado muitas outras marcas a pensar porque razão não pensaram antes em tal solução aparentemente óbvia! E essa membrana amortecedora simboliza perfeitamente a posição da Rolex na edição deste ano de Baselworld: o investimento contínuo em detalhes que fazem a diferença, a procura constante de afinações que tornam ainda mais perfeito um produto que já é intrinsecamente sólido.

Mais informações:
Rolex

Miguel Seabra
Espiral do Tempo

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