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Distância de paragem: parte 1 – distância de reacção

Artigo
Distância de paragem: parte 1 – distância de reacção

É com reconhecida satisfação que fui convidado a escrever, na qualidade de engenheiro da ANSR e ainda que de forma concisa, alguns dos meus conhecimentos sobre matérias que se relacionam com questões do mundo automóvel e em especial as que respeitam à segurança rodoviária.

Neste contexto, proponho-me fazer uma pequena abordagem enquadrada na temática da circulação e segurança rodoviária, tratando, desta vez, do importante conceito de distância de paragem em condições de segurança.

 

Como sabemos a distância de reacção constitui uma parte da distância de paragem. A distância de paragem (dp) é a distância percorrida pelo veículo durante o tempo de paragem, isto é, durante o tempo que decorre entre o preciso instante correspondente à posição do veículo no momento em que ocorreu a percepção de um determinado estímulo (ou acontecimento) por parte do seu condutor (t0), até ao instante correspondente à posição em que ocorre, em condições de segurança, a paragem do veículo (tp).

Matematicamente, a distância de paragem (dp) é composta pela soma da distância de reacção (dr) mais a distância de travagem (dt).

Nesta sua primeira parte, trataremos do conceito de distância de reacção.

A condução é uma tarefa complexa e dinâmica que exige do condutor a realização, em cada instante e de forma permanente, uma série de processos psicológicos que lhe permitem reagir a estímulos (acontecimentos) externos:

  • Recolha de informação que consiste na observação através dos sentidos, em especial da visão;
  • Tratamento da informação que consiste em pensar a informação recolhida e decidir qual a acção a tomar;
  • Acção efectiva que consiste em fazer actuar os comandos do veículo para dar sequência à decisão tomada.

A figura abaixo ilustra o conceito.

Compreende-se, assim, que a reacção do condutor não seja imediata à sua percepção do estímulo externo e, por conseguinte, a existência de um intervalo de tempo entre a recolha de informação e a acção – o tempo de reacção (tr).

Por um lado, o tempo de reacção está relacionado com as características e condições do condutor, nomeadamente, idade, saúde, presença de álcool ou de drogas no sangue, efeitos de alguns medicamentos, fadiga, concentração no acto de conduzir, ou o estado emocional.

Por outro lado, o tempo de reacção depende também da complexidade dos estímulos e da resposta adequada a estes.

A distância de reacção (dr) é a distância percorrida pelo veículo durante o tempo de reacção, ou seja, durante o tempo que decorre entre o instante correspondente à posição em que ocorre a percepção de um determinado estímulo externo por parte do condutor (t0) e o instante correspondente à posição em que este actua o pedal do travão do veículo (tr).

Considerando um veículo com movimento rectilíneo uniforme durante o tempo de reacção, o veículo percorre distâncias iguais em intervalos de tempo iguais.

Temos a seguinte expressão de cálculo: dr = v . tr

O quadro 1 mostra o valor da distância de reacção (m) em função da velocidade (km/h) e do tempo de reacção (s).

Como podemos observar, a distância de reacção aumenta com o aumento do tempo de reacção e com o aumento da velocidade.

Fundamentalmente, podemos concluir que, para parar numa determinada distância disponível, quanto maiores forem a velocidade e o tempo de reacção:

  • Menos tempo tem o condutor para reagir a qualquer estímulo ou acontecimento externo, mais frequentes se tornam as decisões e, consequentemente, mais probabilidade de cometer erros de condução;
  • Maior é a distância de reacção e, portanto, menor é a distância disponível para a travagem.

Assim, todos os comportamentos passíveis de provocar um aumento do tempo de reacção são prejudiciais para a segurança rodoviária e constituem riscos de acidente, pelo que se devem evitar, nomeadamente, a prática de velocidades excessivas, a condução sob o efeito do álcool, a distracção, particularmente, o uso do telemóvel.

Rui Manuel da Silva Oliveira
ANSR

Nota: por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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