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Sinais de Luz

Artigo
Sinais de Luz

Desde criança que sempre observei um comportamento de alguns condutores que sempre me fez refletir. Este comportamento, inicialmente, parecia-me solidário, de alerta e entreajuda, com o intuito de ajudar os outros a escaparem a uma determinada situação. Refiro-me, no cruzamento de veículos que circulam em sentidos de trânsito opostos, aos sinais de luz com o intuito de “avisar” os outros condutores que, ao continuarem naquele sentido, mais à frente irão apanhar uma operação de fiscalização rodoviária (operação STOP) da PSP ou da GNR.

Em tenra idade este comportamento fazia-me respirar de alívio, pois era um sinal de antecipação que evitava a surpresa da presença da Polícia ou da Guarda na estrada. Ora, certo é que um condutor cumpridor do Código da Estrada, praticante de uma condução defensiva, serena e cautelosa, estranha sempre quando é mandado encostar numa operação STOP. Mas a grande maioria dos condutores cumpridores concorda com estas operações.

Com o passar dos anos, tal visão sobre os sinais de luz mudou. Quem anda na estrada de consciência tranquila, com a documentação legal e em dia, nada tem a temer e até concorda e aplaude uma presença policial e uma fiscalização mais incisiva e regular. Os sinais de luzes são, hoje em dia, um ato de “esperteza”, ou de “nacional porreirismo” se assim quisermos apelidar. O que está em causa, muito para além das operações STOP rotineiras que visam a prevenção, a sensibilização e, casa haja motivos, a fiscalização, é o paradigma criminal de hoje em dia no espaço europeu: um espaço com fronteiras abertas, que potencia novos desafios e fenómenos criminais diversos, nos quais não podemos deixar de referir o terrorismo, o tráfico de seres humanos, de droga e de armas.

Por outras palavras, ao se optar por fazer os sinais de luz, os condutores podem estar a avisar um criminoso que tenha cometido um crime violento e grave da presença policial. Ou estar a colaborar com uma organização terrorista. Ou estar a ajudar na fuga ou no transporte de grandes quantidades de droga ou armas. Isto, claro, sem saberem e com o “nacional porreirismo” a imperar, com a “melhor das intenções”. Mas de boas intenções está o Inferno cheio…

Ou seja, por muito que achemos que a operação STOP que avistámos é rotineira e que causará transtorno a algum condutor cumpridor e exemplar, a verdade é que nunca sabemos qual o objetivo real dessa operação. Pode estar em causa a vida e/ou integridade física de alguém ou até mesmo a Segurança Interna de Portugal.

João Moura
Chefe do Núcleo de Protocolo, Marketing e Assessoria Técnica do Gabinete de Imprensa e Relações Públicas da PSP

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