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Teste Euro NCAP de proteção de ocupantes adultos: o que é?

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Teste Euro NCAP de proteção de ocupantes adultos: o que é?

Poucos serão os condutores que pensam na segurança quando compram um carro novo. A cor do carro, as jantes de 17’’ ou 18’’, o GPS, o número de cavalos, se tem ou não cinzeiro e o preço. Tudo isso é importante, tendo em conta que um veículo é muito mais que um meio de transporte… Excetuando o cinzeiro…

Contudo, a segurança do veículo é extremamente importante, ainda mais sabendo que morrem 1.25 milhões de pessoas por ano (no mundo).

O Euro NCAP utiliza vários veículos para realizar os seus testes de segurança. Existem testes para avaliar a proteção de ocupantes adultos e para a proteção de crianças. A proteção que o veículo proporciona aos peões também é avaliada. Por último, foi integrada na pontuação os sistemas de assistência à condução.

A proteção de ocupantes é avaliada através de cinco testes: A colisão frontal descentrada com uma barreira rígida (que representa um veículo em sentido contrário) e a muito recente colisão frontal (sobreposição total) com uma barreira rígida, a colisão lateral com uma barreira móvel a colisão lateral com um poste e a colisão de traseira a baixa velocidade.

COLISÃO FRONTAL DESCENTRADA

A colisão frontal descentrada (40% de sobreposição) representa a colisão com outro veículo que circula em sentido contrário. O teste é realizado à velocidade de 64 km/h, replicando a colisão entre dois veículos com o mesmo peso circulando a 50 km/h (ambos). Os impactos frontais são responsáveis por mais mortes e lesões graves do que qualquer outro tipo de colisão.

Através dos modelos antropomórficos (os dummies) são medidas as lesões prováveis dos ocupantes. A estrutura do veículo é analisada de modo a perceber se as zonas de deformação programada cumprem o seu papel na proteção dos ocupantes.

COLISÃO FRONTAL COM BARREIRA RÍGIDA

A colisão frontal com barreira rígida com sobreposição total contra uma barreira rígida foi introduzida em 2015. A maior rigidez da estrutura do veículo implica uma maior desaceleração vivenciada pelos ocupantes do carro o que poderá causar lesões graves em ocupantes mais pequenos. Neste teste, levado a cabo à velocidade de 50 km/h, é apenas utilizado um modelo antropomórfico de mulher (dos mais pequenos).

Este teste complementa o anterior na medida em que é necessário um compromisso para que os sistemas de retenção diminuam (ou eliminem) as lesões dos ocupantes adultos grandes e não provoquem lesões nos ocupantes adultos mais pequenos.

COLISÃO LATERAL COM UMA BARREIRA MÓVEL

As colisões laterais são responsáveis por muitas morte e lesões graves dos ocupantes dos nossos carros. Quando comparada a uma colisão frontal, na colisão lateral não existe espaço dentro do veículo para a absorção de energia. O teste é realizado com o veículo parado e a barreira é que se desloca à velocidade de 50 km/h sobre a lateral do carro ensaiado. A resistência do pilar B (entre as portas) é verificada, assim como a eficácia dos sistemas de retenção laterais.

COLISÃO LATERAL COM UM POSTE

Num despiste ou em colisões secundárias, é usual a colisão lateral com árvores ou postes. Este tipo de colisão é muito grave devido à menor área de contacto. O teste é realizado fazendo colidir com o veículo (que se desloca à velocidade de 32 km/h) com um poste. As lesões provocadas por este tipo de colisão podem ser muito severas devido à elevada deformação dos veículos.

COLISÃO DE TRASEIRA

As lesões de Whiplash (golpe de chicote), associadas à distorção rápida e excessiva da coluna vertebral, podem duram para sempre, são muito difíceis de diagnosticar ou tratar e são extremamente debilitantes. Geralmente ocorrem a baixa velocidade e em colisões na traseira do automóvel. Embora tais acidentes raramente resultem em fatalidades, as consequências de lesões de Whiplash têm um enorme impacto sobre os ocupantes e sobre a sociedade, dado que se estima um custo anual de cerca de 10 mil milhões de euros, neste tipo de colisão, e apenas na Europa.

Desde 2009 que o Euro NCAP realiza três testes dinâmicos que representam intensidades conhecidas por causarem este tipo de lesões. As geometrias dos encostos de cabeça dos bancos do automóvel também são analisadas.

Uma causa comum para a lesão de Whiplash é a colisão na traseira do carro a baixa velocidade, em que o condutor do carro que colide está distraído e não percebe que o carro à frente parou. Os sistemas de travagem de emergência são importantes para a mitigação deste tipo de lesões, dado que mesmo uma pequena redução da velocidade pode ter grandes implicações na severidade da lesão causada aos ocupantes do carro da frente. Assim, é realizado um teste com velocidades entre os 10 km/h e os 50 km/h em que o condutor não intervém na travagem do veículo, deixando o sistema atuar por si.

Vá lá espreitar os resultados do carro que anda a pensar colocar no sapatinho, e Boas Festas.

Ricardo Portal
Investigador de Sinistros – icollision

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