Audi A6 2.0 TDI 190 S tronic ultra

A posição de condução está completamente isenta de críticas

A bagageira tem 530 litros de capacidade e um bom acesso

A linha S Line tona o A6 menos banal, mas não faz milagres

A regulação independente de quatro zonas para o ar condicionado é parte integrante do pacto Advance

Seja atrás ou à frente, espaço para os ocupantes é coisa que não falta. O do lugar central não vai tão bem, claro

A caixa de dupla embraiagem é bem mais eficaz que a anterior de variação contínua

O painel central digital fornece todas as informações, sendo a leitura do mesmo extremamente rápida e fácil

Os faróis de xénon integram o pacote Sport e não faz sentido prescindir dos mesmos

Graças à suspensão pneumática. as jantes de 19" não prejudicam o conforto de forma muito evidente

O motor foi alvo de várias alterações nos orgãos internos, que lhe aumentaram a potência e o binário, ao mesmo tempo que o tornaram mais refinado

Talvez fruto de uma estratégia muito pouco arrojada no que toca ao design dos seus automóveis mais convencionais, a Audi nunca conseguiu colocar a actual geração do seu A6 como um dos protagonistas do segmento dos grandes familiares. Em automóveis de prestígio, a imagem conta muito e haverá, certamente, muitos clientes a não apreciar o facto do Audi A6 ser facilmente confundido com um A4, ou até mesmo um A3 Limousine.

O Audi A6 peca por uma imagem com pouca personalidade, que nem a presença do pacote S Line consegue acicatar

A juntar a isso, temos um modelo sem alterações desde o seu lançamento, em 2011, ao contrário do que acontece com os seus principais rivais, BMW Série 5 e Mercedes-Benz Classe E, que têm sabido reinventar-se, seja sobre a forma de retoques estéticos, pelo surgimento de novos gadgets, ou renovação da gama de motores. O lançamento da versão 2.0 TDI ultra vem dar uma nova vida ao A6, não só porque o coloca com os mesmos 190 cv da última evolução do BMW 520d, como o leva ao topo do segmento no que respeita a consumos e emissões, já capazes de cumprir a nova norma Euro6.

As alterações operadas no bloco 2.0 TDI resultam num aumento de 13 cv e 20 Nm face à versão de 177 cv, ao mesmo tempo que o consumo médio passa, segundo a Audi, dos 5,0l/100 km para os 4,4l/100 km. Neste caso, a unidade ensaiada estava associada à caixa S Tronic, com dupla embraiagem e sete velocidades, que também recebeu novos componentes internos, e que vem ocupar o lugar da anterior caixa de variação contínua, a Multitronic. Mais importante do que a componente técnica é aquilo que se sente ao volante, momento em que o A6 TDI ultra consegue marcar muitos pontos. O motor está nitidamente mais refinado, principalmente na forma como agora contém o ruído e as vibrações, ao mesmo tempo que a caixa S Tronic traz enormes vantagens na forma como a potência é disponibilizada sob o pé direito do condutor. Isto sem referir que desaparece o “mastigar” das rotações do motor, efeito tão característico das caixas de velocidades de variação contínua.

O Audi Drive Select altera por completo o carácter do A6 Ultra, passando do amorfo para o demasiado desportivo com imensa facilidade

No entanto, o melhor é não usar o modo Efficiency do Audi Drive Select, já que este deixa o acelerador completamente inerte, podendo mesmo o condutor ficar a pensar que alguns dos 190 cv serão de origem alentejana. Tendo em conta que esta definição ainda reduz o funcionamento da assistência eléctrica da direcção e a potência do ar condicionado, a sua utilização só é mesmo recomendada para aqueles condutores que gostam de fazer competições de consumos, nem que seja para mostrar aos amigos.

Para a maioria dos utilizadores, o modo Comfort será mesmo o mais indicado, já que permite manter a suspensão sempre numa definição capaz de proporcionar um conforto de alto nível, mesmo com jantes de 19”, e o motor com uma resposta adequada para todas as situações. Teoricamente, o modo Auto poderia conseguir tudo isto, não fosse aumentar o peso da direcção em excesso sempre que praticamos velocidades mais elevadas.

O Dynamic, na nossa opinião, não tem grande utilidade, não só porque o A6 não tem características para se justificar um acerto mais firme da suspensão e muito menos para adoptar uma direcção com uma assistência quase inexistente. Os mais atentos a este fenómeno dos automóveis têm sempre a possibilidade de configurar tudo de forma separada, no modo Individual. Quanto a nós, é mesmo a melhor opção. Mas, no fundo, o que interessa é que o Audi A6 Ultra tem prestações de bom nível, sentido-se em casa nos troços de auto-estrada, onde é capaz de manter elevadas velocidades de cruzeiro com níveis de ruído bastante contidos. Com relações algo longas, a caixa faz com que os consumos, nestas situações, sejam alvo de encómios.

Em cidade, os 7,5l/100 km por nós medidos encontram-se dentro da média do segmento, ainda que bastante acima dos 5,1l/100 km anunciados pela marca das quatro argolas. É também em auto-estrada que o A6 oferece o que de melhor tem para dar no capítulo dinâmico, sentindo-se como peixe na água. Não queremos com isto dizer que não consiga atacar um traçado sinuoso com toda a segurança e eficácia, mas nota-se sempre alguma dificuldade em lidar com as transferências de massa, fruto do elevado peso. Ainda assim, a aderência é sempre muita, até porque os pneus são enormes, mas não é fácil tirar grande diversão da condução.

Aqueles menos familiarizados com o Audi A6 poderão achar que a falta de personalidade observada no exterior tem correspondência no habitáculo. Nada mais errado do que isso. Ainda que não seja especialmente inovador no desenho, o interior do A6 é um local onde apetece estar, fruto de uma qualidade de execução sublime, acompanhada por materiais de grande qualidade. O conteúdo tecnológico é também ele totalmente actual, nada ficando a dever ao que encontramos nos concorrentes directos. Destaque para o sistema MMI, extremamente rápido e intuitivo de utilizar, que ainda é rematado por um ecrã escamoteável electricamente. A ergonomia de todos os comandos está bem pensada, o que em muito contribui para a excelente posição de condução, facilmente obtida por condutores de qualquer estatura. O volante tem uma excelente pega, os pedais estão centrados com o banco e a visibilidade é boa para todos os ângulos. Os restantes quatros passageiros podem gozar de bastante espaço, seja qual for o sentido e ainda aproveitar bem os 530 litros de capacidade da bagageira, que é um valor ao nível de muitas carrinhas deste segmento.

Superiormente construído, o habitáculo do A6 não merecia uma carroçaria tão banal

Os 52 710 euros que a marca de Ingolstadt pede por este A6 TDI ultra S Tronic representam um acréscimo de 250 euros face à versão 2.0 TDI 177 cv Multitronic. Um valor perfeitamente ajustado face às alterações operadas, que vêm dar uma nova alma ao A6, colocando-o perfeitamente ao nível ao nível da concorrência. A unidade ensaiada tem um preço de 66 015 euros, mas isso é perfeitamente justificado pelos inúmeros opcionais presentes que em muito melhoram a qualidade de vida a bordo.