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O nosso telemóvel!

Artigo
O nosso telemóvel!

Há lá coisa mais importante? Não há, não. Podem dizer que há, mas, no fundo, sabem que o telemóvel é a coisa mais importante da nossa vida.

Se assim não fosse, não andaríamos com ele na mão o dia inteiro. Está aqui incluído o tempo que passamos a conduzir, claro! Sempre com o telefone.

Estou em crer que a maioria das pessoas nunca utilizou o sistema mãos-livres que, actualmente, muitos automóveis têm. Não utilizou, nem quer utilizar.

Cada vez mais vemos, em qualquer situação, todo o tipo de pessoas a conduzirem com o telefone colado ao ouvido ou, pior ainda, a enviarem SMS, a lerem emails e a darem as suas voltas nas redes sociais.

Assim, e como é de se esperar, as asneiras, as distracções, as infracções, as manobras perigosas e afins acontecem a um ritmo avassalador.

Não é difícil perceber, mesmo sem ver, quem está a usar um telemóvel ao volante. Basta observar o tipo de condução, e já está!

E vejam lá se não é verdade:
– velocidade: perfeitamente inconstante. Por exemplo, passam dos 60 km/h para os 10 hm/h num ápice, e regressam com a mesma rapidez à velocidade mais elevada. Muitas vezes, também pode acontecer pararem mesmo o automóvel sem qualquer tipo de aviso prévio
– direcção: é mais ou menos como os movimentos de um surfista mas na estrada, movimento ondulante de faixa para faixa, fazendo sempre subir a adrenalina a quem assiste e pensa: “Oh, meu Deus, é agora que ele vai bater”…
– infracções: são umas atrás das outras. O que é fácil de entender. Não se consegue fazer tudo ao mesmo tempo. Não podemos ver um sinal vermelho, um stop, um sinal de proibição, seja do que fôr, quando estamos ao telefone a combinar o jantar dessa noite, ou a comentar o assunto mais quente do dia. E, por favor!, quem é que não compreende que tantas regras só atrapalham as pessoas que o que querem é comunicar?
– conjugações: há muitas e todas boas. Mas a melhor é juntar um cigarro a tudo isto. Fumar, conduzir e utilizar o telemóvel. É quase um conceito SPA. É para descontrair por completo

E, agora, tentem olhar sem nada dizer, só olhar, para um condutor(a) que esteja no trânsito a utilizar o telefone. Tentem. Mas tenham cuidado, porque as reacções não se fazem esperar. Quem se sente chamado à atenção fica mesmo muito aborrecido. E reage. E, se forem insistentes, preparem-se, que ainda podem levar uma saraivada de insultos ou, pior ainda, fazerem “saltar a tampa” da criatura e o caso acabar mal.

E é muito bem feito. Que é que vocês têm a ver com a vida das pessoas? Por acaso são polícias?

Conclusão: continuemos assim, porque tudo isto não tem mal nenhum. Que mal faz conduzir e mexer no telefone? Por acaso precisamos da boca para conduzir? Não, pois não. E não temos duas mãos? Por isso, podemos falar e escrever e ler, e fazer tudo o que nos apetecer enquanto conduzimos.

Então, e porque é que isto é proibido, e somos multados caso sejamos apanhados? Só porque esta malta que faz as leis são de um exagero que não se percebe. E são uns tristes, porque não têm com quem falar, nem têm de certeza as centenas e centenas de amigos que nós temos nas nossas redes sociais. Invejosos…

 

Esta rubrica é escrita por uma mulher. Uma mulher que vive há uns bons anos rodeada de automóveis por todos os lados. Habituada a vê-los, a conduzi-los, a experimentá-los, a fotografá-los, a ler sobre eles, a olhá-los de perto e ao longe, e, com toda a liberdade, a poder criticá-los ou elogiá-los.

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zyrgon