Novo Suzuki Jimny em Portugal desde 21 483 euros
A Suzuki já apresentou ao à imprensa o novo Jimny, modelo que chegará ao nosso país dentro de poucas semanas. Para bem ilustrar os seus pergaminhos, e a sua vocação, a marca japonesa escolheu a Universidade Camilo José Cela, em Madrid, e entregou parte da tarefa a um professor arqueologia, aventureiro e apaixonado por todo-o-terreno, pelo amigos apelidado de Moli Jones, evocação assumida do seu homólogo protagonizado por Harrison Ford no cinema.
E percebe-se que assim tenha sido, já que este não é um qualquer, para a Suzuki como para os amantes do género: ao longo de praticamente cinquenta anos de carreira, o Jimny já vendeu mais de 2,85 milhões de exemplares em nada menos do que 194 países, e foi a primeira criação da marca dotada de tracção integral. Curiosidade adicional, tem sempre contrariado a tendência mercado, com cada nova geração a manter-se mais tempo no mercado que a anterior: o LJ10 foi comercializado de 1970-1981; o SJ30 de 1981-1998; e o JB33 de 1998-2018. Resta ver se a regra se mantém na sua mais recente interpretação…
Inequívoco é que o Jimny da quarta geração, mantendo intocados todos os atributos essenciais que sempre caracterizaram o modelo (dimensões contidas; elevada robustez; capacidade para enfrentar sem pejo todo o tipo de terrenos; simples e prático nos mais variados domínios), e sem deixar de evoluir em praticamente todos os capítulos, assinala um feliz regresso às origens no plano estilístico. Em boa altura o faz, não só porque o sector, como o mundo em geral, atravessam um período em que termos como “vintage” e “rétro” assumem particular importância, mas também porque parece evidente que o seu apelo estético é bem maior do que o do seu antecessor.
Tal deve-se, em boa parte, às linhas exteriores muito simples, evocativas da mais pura tradição Jimny, e em que pontificam pormenores deliciosos como os faróis dianteiros redondos, a grelha com entradas de ar verticais, as aberturas laterais no capot, ou os farolins traseiros integrados no pára-choques. Disponível em oito cores de carroçaria, duas delas novas, o novo Jimny tem 3645 mm de comprimento, 1645 mm de largura e 1720 mm de altura, o que significa que, face ao seu predecessor, é 50 mm mais curto, 45 mm mais largo e 5 mm mais alto. A distância entre eixos de 2250 mm não sofreu alterações, ao passo que a largura de vias cresceu 45 mm na frente (para 1645 mm) e 40 mm atrás (para 1405 mm).
A reforçar a tal noção de simplicidade e de uma vocação muito bem definida estão ainda outros factores. Como o não ter a Suzuki previsto a criação de qualquer versão adicional do novo Jimny, sejam pela introdução de mais motorizações, ou de variantes de châssis longo ou descapotável. Ou o habitáculo com quatro lugares muito sóbrio e funcional, com um design e uma decoração a condizeres, dominado por materiais simples, mas sem com isso deixar de ser robusto e contar com acabamentos rigorosos – mesmo que o espaço nos lugares traseiros seja pouco mais do que exiguo, o que não espanta tendo em conta as dimensões exteriores.
A versatilidade, essa, neste particular, é garantida, por exemplo, pelos bancos dianteiros totalmente rebatíveis, que formam como que uma cama, assim permitindo dormir a bordo se uma aventura mais radical a tal obrigar. A mala também é mínima, contando com não mais do que 85 litros com os quatro lugares montados, ou com 377 litros (mais 53 litros do que anteriormente) quando se rebatem os bancos traseiros – mas pode contar com um revestimento em plástico do piso e das costas dos bancos traseiros, para maior protecção e facilidade de limpeza; dispõe de cinco orifícios para parafusos sob cada janela traseira, e para ganchos junto ao piso, para melhor acondicionamento das bagagens; e, na versão de topo., oferece ainda uma tomada de 12 Volt e um compartimento para arrumação de utensílios.
Mas como simplicidade não tem de ser, necessariamente, sinónimo de despojamento, o novo Jimny já pode oferecer, de série ou em opção, consoante as versões, elementos como ópticas dianteiras por LED; sensor de luz; assistente de máximos; volante em pele multifunções; mãos-livres Bluetooth; cruise controlI; ar condicionado automático; bancos aquecidos; ou sistema de infoentretenimento com ecrã táctil de 7” (operável mesmo com luvas, inclui rádio, reconhecimento voz, navegação, cartão SD e tomada USB).
As jantes são sempre de 15”, revestidas por pneus de medida 195/80, incluindo a roda sobressalente, montada no exterior do portão traseiro – sendo de liga leve na variante de topo. Destaque-se, ainda, ser este o primeiro Suzuki a contar com sistema de reconhecimento de sinais de trânsito, que se junta a outros auxiliares de condução, como a travagem autónoma de emergência, o alerta de saída involuntária de faixa de rodagem ou o alerta de fadiga do condutor. De série são, ainda, os airbags frontais, laterais e de cortina.
Mas o que tende a fazer toda a diferença no Jimny é a forma como se comporta dinamicamente, e as soluções mecânicas que o garantem. Como é da tradição, a estrutura é composta por uma carroçaria ligada a um châssis de longarinas e travessas, agora reforçado através de uma estrutura em “X” na dianteira, e de barras cruzadas adicionais na traseira, tudo concorrendo para um aumento da rigidez torsional. As suspensões são por eixo rígido em aço de alta resistência, com três apoios e molas helicoidas nas quatro rodas (o trem posterior viu a sua resistência à flexão aumentar 30%, ao passo que o dianteiro passou a contar com uma barra estabilizadora de maior diâmetro.
Com tudo isto, o Jimny oferece características “TT” a que não é fácil ficar indiferente, como o ângulo ventral de 37°, o ângulo de saída de 49, o ângulo ventral de 28° ou a altura ao solo de 210 mm, ou seja, mais 10 mm do que na geração anterior. Ao mesmo tempo, oito sinoblocos foram instalados entre o châssis e a carroçaria para incrementar o conforto de marcha e a resposta do veículo às solicitações do condutor.
A animar o novo Jimny está o novo motor K15B, que aqui faz a sua estreia na Europa: com quatro cilindros em linha, injecção electrónica de gasolina e uma capacidade de 1462 cc, é 15% mais leve do que a anterior unidade de 1328 cc, além de oferecer mais 17 cv 102 cv/6000 rpm) e mais 10 Nm (130 Nm/4000 rpm), o que permite à Suzuki anunciar uma velocidade máxima de 145 km/h, um consumo médio de 6,8 l/100 km e emissões de CO2 de 162 g/km. Sendo a transmissão outro dos atributos decisivos do novo Jimny, podendo a caixa ser manual de cinco velocidades ou automática de quatro relações, sempre combinada com o sistema de tracção integral AllGrip Pro com caixa de transferências por alavanca (as conhecidas “redutoras”), e com o controlo electrónico de descidas HDC.
Numa época em que se vive uma autentica “febre” SUV a nível gobal, o Jimny não deixará de constituir uma boa notícia para os amantes dos todo-o-terreno, mas também tenderá a surpreender, e nem sempre pela positiva, os que se deixem encantar apenas pela sua aparência mimosa, desconhecendo algumas das características fundamentais deste género de proposta. Isso mesmo foi possível confirmar no curto trajecto efectuado a bordo do novo Jimny, que logo em estrada evidenciou o assinalável adornar que a suspensão permite que a carroçaria registe em curva – nada de invulgar num verdadeiro “TT”, mas que poderá ser novidade para quem tenda a confundir um Jimny com um SUV da moda. O motor, esse, não dá má conta de si, até pela ligeireza do conjunto (peso a partir de 1090 kg), ficando uma primeira impressão de que a caixa bem que podia ter mais uma velocidade, para que o ruído do motor fosse mais contido quando se circula a velocidades de cruzeiro mais elevadas.
Houve ainda oportunidade para realizar um pequeno, mas exigente e diversificado percurso de todo o terreno, que foi onde o novo Jimny brilhou ao mais alto nível. Cruzamentos de eixos, superações de acentuadas pendentes, buracos, valas e regueiras, substanciais inclinações laterais: tudo o pequeno todo-o-terreno japonês superou com uma inquestionável competência e uma, por vezes desarmante, facilidade, sem nunca sequer ter exigido o recurso às “redutoras”, assim dando mostras e provas da sua verdadeira vocação e razão de existir.
A avaliar pelo que tem acontecido ao longo das cinco últimas décadas, o Jimny terá tudo para continuar a constituir um êxito invejável. E se é certo que, hoje, a extraordinária oferta de SUV, mesmo nos segmentos mais baixos do mercado, pode colocar-lhe ouras dificuldades de implementação, a verdade é que os primeiros dados de que a Suzuki dispõe parecem demonstrar o contrário, com a procura a superar, por larga margem, a oferta disponível. O futuro dirá por quanto tempo assim ainda continuará a ser.
Em Portugal, já é possível encomendar o novk Jimny, estando disponíveis três níveis de equipamento: o de acesso JX, proposto por €21 483 (o único que inclui de série o com gancho de reboque); o intermédio JLX, que exige o dispêndio de €23 238 com caixa manual, e de €25 297 com caixa automática; e o Mode 3 de topo, orçado em €25 219. A garantia é sempre de 3+2 anos (100000+50000 km), a única opção é a pintura metalizada, que custa €350 se for de um só tom, ou €559 caso seja bicolor.