Peugeot 208 1.2 VTi 82 Style

O tricilíndrico de 1,2 litros é competente, mas não tão refinado quanto as mais recentes propostas chegadas ao mercado

As jantes de liga de 16" e cinco raios duplos são de série no novo nível de equipamento Style

A capacidade da bagageira está em linha com a média do segmento

Atrás, o espaço habitável é correcto, se bem que a altura seja um pouco limitada

Atrás, o espaço habitável é correcto, se bem que a altura seja um pouco limitada

Paulatinamente, a Peugeot tem imposto o 208 em Portugal e, hoje, o utilitário francês é já uma das referências entre os seus pares também em termos comerciais. Claro que são vários os factores que podem concorrer para esta performance que não a valia intrínseca do próprio produto, como as campanhas que apoio à compra que cada marca implemente a dado momento, ou a abrangência da respectiva oferta.

Neste particular, a casa de Sochaux não descurou as suas obrigações, e até lançou recentemente um novo nível de equipamento destinado ao 208, denominado Style e associável aos motores 1.0 VTi de 68 cv ou 1.2 VTi de 82 cv – esta última combinação a aqui analisada. Face aos restantes níveis de equipamento, o Style distingue-se por uma oferta de equipamento mais generosa e por alguns elementos decorativos específicos, sendo de €850 a diferença de preço para o nível Active imediatamente abaixo.

No primeiro caso, a diferença é ditada, essencialmente, pelos espelhos retrovisores rebatíveis electricamente; pelos forros dos bancos de padrão específico; e pelas jantes de 16” semelhantes às incluídas no nível Allure. Para marcar a diferença, o 208 Style conta ainda com as caixas dos retrovisores exteriores cromadas e com o logo Style aplicado junto ao guarda-lamas dianteiro e nas soleiras das portas.

Tudo somado, esta é uma boa opção para se dispor do utilitário gaulês numa configuração mais diferenciadora e com um superior agrado de utilização – no caso presente, por uns competitivos €15 930 de tabela, valor que baixa €1000 no momento presente (devido à campanha em vigor até final do ano), ou mesmo €2000 caso o cliente entregue um veículo de retoma. A tudo isto, some-se ainda a oferta da extensão de garantia por 24 meses ou 60 mil quilómetros.

As jantes de liga leve, as caixas dos retrovisores cromadas e as aplicações em alumínio no pára-choques dianteiro são alguns dos elementos que marcam a diferença no nível de equipamento Style, a par da colocação do respectivo logo junto ao guarda-lamas

Não se justificará que por demais me alongue, aqui, acerca dos atributos estilísticos do 208. A aceitação do modelo falará por si neste particular, merecendo, ainda assim, a pena sublinhar que as jantes de liga de cinco raios duplos, as aplicações em alumínio no pára-choques e os retrovisores exteriores com caixas cromadas são elementos que conferem um apelo extra a uma das mais atraentes propostas da sua categoria.

O interior também não apresenta novidades de relevo, para além dos pormenores decorativos acima mencionados. A habitabilidade é interessante, mesmo que a altura atrás esteja abaixo da média da classe; a capacidade da bagageira é, também ela, mediana. A qualidade geral alinha pela mesma bitola, com o habitáculo a denotar uma combinação de materiais suave e relativamente macios com plásticos mais rijos.

O que, para mim, continua a ser difícil de compreender é aquele posto de condução em que a colocação do volante – que, a meu ver, nem precisava de ter um diâmetro tão diminuto, por muito “racing” que tal possa parecer… – face ao painel de instrumentos. Por via disto, para que os condutores de estatura média, ou abaixo da média, consigam ver na íntegra a instrumentação, ou levam o volante “ao colo”, ou têm que elevar de modo anti-natural o banco… Seja como for, como esta é uma solução que já se tornou imagem de marca do 208, e, pelos vistos, não têm constituído óbice de maior à sua aceitação, talvez seja o meu grau de exigência que é demasiado elevado…

O interior conta com alguns detalhes de equipamento extra e com forros dos bancos exclusivos. A colocação do volante, já imagem de marca do 208, continua a não ser consensual

Mais consensual será o desempenho dinâmico do 208 1.2 VTi Style. É um facto que, quando comparado com os mais recentes exemplos chegados à sua categoria, o três cilindros de 1,2 litros e 82 cv não só emana um ruído de funcionamento mais próximo daquilo que é típico dos motores com este tipo de arquitectura, como denota alguma trepidação ao ralenti, também ela vulgar em unidades com esta configuração “desequilibrada”, mas que se desvanece mal se pisa o pedal do acelerador. Contudo, a baixo e médio regime, revela-se muito competente, permitindo enfrentar sem sobressaltos o trânsito citadino, e, mesmo recorrendo com frequência à caixa de cinco velocidades, os consumos nestas circunstâncias acabam por ser comedidos.

Já em estrada aberta, ou em auto-estrada, as suas limitações são mais evidentes, apesar de o peso conjunto tender para disfarçá-las quando se viaja a solo. Até pela sua sonoridade, nota-se um maior esforço do motor em subir de regime a partir das 4000 rpm, em particular quando o relevo se acentua e se transporta maior quantidade de passageiros e/ou carga. Por outro lado, como, para manter um ritmo de condução mais dinâmico, é forçoso fazer uso da caixa para manter o tricilíndrico na sua faixa ideal de funcionamento, os consumos acabam, aqui, por ressentir-se. Mas, desde que a toada seja calma, reconheça-se que o 208 1.2 VTi acaba por cumprir com a sua função.

O comportamento, esse, continua a ser um dos grandes atributos do 208. Oferecendo um apreciável nível de conforto em qualquer circunstância, mesmo nos pisos em piores condições, também não se furta a uma condução mais empenhada, mostrando-se sempre bastante eficaz e fácil de dominar. Apesar do amortecimento relativamente macio, os movimentos da carroçaria são bem controlados, o eixo dianteiro é preciso e suficientemente assertivo, ao passo que os pneus relativamente largos garantem a motricidade necessária mesmo nas solicitações mais exigentes., tudo se pautando por uma grande fluidez, honestidade de reacções e facilidade de condução. Ou seja: aquilo que a maioria procurará, neste particular, num automóvel com a vocação e posicionamento do 208 1.2 VTi Style.

É em cidade que o 208 1.2 VTi Style melhor dá uso aos seus atributos dinâmicos, conjugando uma apreciável agilidade com consumos comedidos. Em estrada e auto-estrada, as limitações do motor tornam-se mais evidentes, apesar do peso do conjunto relativamente contido