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Porsche 911 Turbo Coupé

Artigo
Porsche 911 Turbo Coupé

Visão geral
Marca:

Porsche

Modelo:

911

Versão:

Turbo Coupé

Ano lançamento:

2014

Nº Portas:

2

Tracção:

Integral

Motor:

3.8

Pot. máx. (cv/rpm):

520/6000-6500

Vel. máx. (km/h):

315

0-100 km/h (s):

3,2

CO2 (g/km):

227

PVP (€):

198 080/213 111

Gostámos

Motor, Comportamento, Posição de condução, Qualidade.

A rever

Ergonomia, PDK a velocidade reduzida,

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Qualidade geral
9.0
Interior
7.0
Segurança
9.0
Motor e prestações
10
Desempenho dinâmico
10
Consumos e emissões
6.0
Conforto
7.0
Equipamento
8.0
Garantias
7.0
Preço
6.0
Se tem pressa...

A geração 991 só vem tornar a versão Turbo ainda melhor do que já era. Prestações avassaladoras, dinâmica de excepção, num automóvel capaz de levar as crianças à escola. A PDK não facilita no dia-a-dia, mas vamos lá esquecer isso e andar sempre a fundo!

7.9
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Como apaixonado pelos automóveis, a minha infância foi sendo marcada por alguns automóveis memoráveis, sempre com a presença das sucessivas gerações do Porsche 911, que já leva 50 anos de vida. Não, não me lembro de todas, pois ainda estou longe de completar meio século de existência. Mas já não falta muito para completar uma década desde que me juntei ao jornalismo automóvel e, como tal, só me posso considerar como um privilegiado por ter a oportunidade de conduzir quase tudo o que tem quatro rodas, desde o comum citadino aos mais desejados desportivos. Apesar de já ter estado ao volante de vários 911, nunca passei pela tarefa de ter que escrever sobre um. Quando o António Sousa Pereira chegou ao pé de mim e sugeriu que eu ensaiasse a versão Turbo da geração 991, soltei um repentino “sim”, que de imediato me deixou nervoso, com medo de não estar à altura da tarefa. Será que sou capaz de transmitir as sensações e informações dadas pelo mais famoso dos automóveis desportivos?

Diz ali Porsche 911 Turbo. Foram dias a pensar nesse conjunto de palavras. Mais tarde, percebi que aquela asa faz toda a diferença, quando gera a carga aerodinâmica suficiente para chegarmos aos 315 km/h.

Diz ali Porsche 911 Turbo. Foram dias a pensar nesse conjunto de palavras. Mais tarde, percebi que aquela asa faz toda a diferença, quando gera a carga aerodinâmica suficiente para chegarmos aos 315 km/h.

Sem muito tempo para digerir a responsabilidade que tinha assumido, até porque havia outros automóveis “banais” para ensaiar antes deste, rapidamente surgiu o dia de ir buscar o Porsche, que é aquela parte mais fácil, pela qual já passei inúmeras vezes. As manobras no parque de estacionamento serviram para confirmar que a caixa de dupla embraiagem, PDK, continua, como sempre foi, demasiado brusca e com uma má relação com o acelerador. Sair da posição estática implica sempre um carga exagerada sobre o acelerador, que resulta num som algo parecido àquele que estamos habituados a ouvir naqueles automóveis conduzidos por senhoras com pouca aptência para o doseamento da embraiagem, mas em versão Boxer. Boa, portanto. O problema é que isto não só não é muito confortável para o pescoço dos ocupantes, como dificulta o estacionamento em espaços apertados. Sim, eu sei, o 911 Turbo é um desportivo a sério, mas também sei que está cada vez mais prático, por isso falta corrigir este ponto.

Saído da Porsche, o 911 teve a tarefa de se deslocar ao centro da cidade de Lisboa, para uma tarefa logística do nosso site. Foi um percurso feito num ritmo calmo, onde precisei de ligar o ar condicionado, que é uma tarefa pouco aconselhada para ser efectuada em andamento, tal a profusão de botões na consola central, que nem sequer estão muito bem colocados. Mas lá consegui e aproveitei para definir todos os parâmetros de condução para o modo normal, que fazem do 911 Turbo, de facto, um automóvel bastante fácil de usar. Mesmo com as jantes de 20” a passarem sobre as esburacadas ruas da nossa capital, o conforto é superior ao de muitos pseudo-desportivos da nossa praça, até porque o conjunto é de uma solidez notável. É firme, num estilo muito Porsche, tal como a direcção, que tem sempre aquele peso perfeito, para nunca ser artificial nem excessivamente pesada. Não quero parecer repetitivo, mas a caixa PDK é mesmo o único pormenor que prejudica a utilização citadina, já que torna qualquer arranque numa espécie de descolagem.

A caixa PDK demonstra sempre que prefere andar depressa, que é onde funciona realmente bem.

A caixa PDK demonstra sempre que prefere andar depressa, que é onde funciona realmente bem.

Antes que me esqueça de referir, o 911 não tem grande espaço para guardar os objectos do dia-a-dia, mas nada que já não aconteça em automóveis mundanos. Pus tudo dentro do apoio de braço, para não me distrair com a condução. O primeiro dia teve pouco dessa tarefa, pelo menos na forma em que realmente gosto. A noite serviu para medir os consumos de cidade, que se ficaram pelos 13,6 l/100 km. Parece muito, mas é um valor perfeitamente normal quando se tem 520 cv e tracção integral, mesmo que o stop/start esteja presente e funcione de forma extremamente rápida e suave. O dia seguinte foi ocupado, em grande parte, pelas belas fotografias que está a ver, saídas da máquina operada pelo Luís Viegas. Consegui convencê-lo a irmos para uma zona sinuosa, para que eu e o “nine-eleven” pudéssemos começar a entendermo-nos melhor a fazer aquilo de que ambos mais gostamos. Não, não me estou a referir a nada que tenha de ser feito com outra pessoa. O objectivo era mesmo começar a andar depressa, para ficarmos a saber do que ambos seriamos capazes.

Prezo muito o respeito pelos automóveis, por isso optei por manter, de início, o ESP ligado e tudo em modo “normal”. Mesmo assim, o 911 Turbo conseguia presentear-me com uma aceleração avassaladora, capaz de tornar as rectas muito curtas, o que me estava a fazer travar muito cedo. “Não tenho travões de cerâmica, João, mas a potência de travagem continua a ser impressionante” – dizia-me ele. Comecei a travar cada vez mais tarde e a perceber que todo o sistema de travagem respirava eficácia e resistência, para além de ter uma correspondência fidedigna entre a força que exercia no pedal e a potência com que as maxilas mordiam os discos. Claro que não demorou até aparecer algum exagero na velocidade de entrada em curva, que, ao contrário do que acontece na maioria dos automóveis, corrige-se com mais aceleração, para obrigar os diferenciais a trabalhar, que colocam a potência nas rodas traseiras e obrigam a frente a recuperar a corda da curva. Isto não é fácil para quem está menos habituado a automóveis com estas características, mas o 911 Turbo é rápido a dar umas aulas e o ESP está lá para intervir quando é preciso, o que só acontece quando já estamos a aplicar ritmos bem vivos.

O modo Sport Plus foi só mesmo só para a fotografia. Quando queremos andar realmente depressa, o modo Sport é o mais indicado. O outro fica para quando pudermos andar em pista.

O modo Sport Plus foi só mesmo só para a fotografia. Quando queremos andar realmente depressa, o modo Sport é o mais indicado. O outro fica para quando pudermos andar em pista.

Quando me preparava para alterar a minha táctica para uma versão mais ofensiva, numa altura em que a minha relação com o 911 começava a ser profícua, o Viegas disse-me que tinha de acalmar o ritmo, antes que tivessémos de publicar um artigo com poucas fotos, ou falar sobre o processo de assistência em viagem. Lá me alcalmei e tratámos de todas aquelas fotografias de pormenor, que pode ver na nossa galeria. Mas o que eu queria mesmo era continuar a andar depressa, por isso parecia-me que nunca tinha demorado tanto tempo a fazer umas dezenas de fotografias.

Com tudo isto, fiquei cheio de fome e lá tive de parar para almoçar. Aliás, almoçar é uma força de expressão, foi mais “engolir a comida”, pois o que eu realmente queria era dar uso ao 911 Turbo, até porque já tinha menos de 24 horas até o devolver. “Vá, Luís, vai lá de boleia com o Pedro, que eu tenho de ir trabalhar.”

Entro no 911, (re)ajusto a posição de condução, o que relembra a forma perfeita como o volante está colocado face ao banco, faço “reset” ao computador de bordo, e arranco em direcção a uma das minhas estradas preferidas. Estava ainda longe dela, por isso nada melhor que apanhar uma daquelas desertas, e caras, auto-estradas do nosso país, para ver como se comportava o 911 Turbo a velocidades “um bocadinho acima do limite legal”. Tiro o ticket da portagem, ponho o pé esquerdo do travão, o direito no acelerador, as rotações do motor estabilizam, acende-se a luz “Launch Control” no volante, levanto o pé esquerdo, afundo o direito, e o 911 sai completamente disparado, sem qualquer perda de tracção. As minhas costas ficam coladas ao banco, não consigo mexer o pescoço e só penso em agarrar bem o volante com as duas mãos. Fixo os olhos na estrada, mas não resisto a espreitar o velocímetro, que sobe vertiginosamente, e só sinto a caixa PDK a chegar à sétima relação de uma forma incrivelmente rápida. Agora, percebo para que serve a PDK, tal a sua eficácia a andar depressa.

Nesta altura, a velocidade permitida nas nossas auto-estradas já foi mais do que duplicada, mas o 911 impele-me a continuar com pedal do acelerador afundado, mesmo com a estrada a apresentar-se algo sinuosa e com bastantes ressaltos. Sinto a suspensão algo mole, o que me leva a optar pelo modo Sport e, já agora, a fazer o mesmo com o resto e, agora sim, estou no modo certo para continuar a atacar este troço de auto-estrada. Já rodo a uma velocidade perto das três centenas, com uma estabilidade incrível, mesmo que o suor das minhas mãos possa indiciar o contrário. Lá apanho um ressalto mais elevado, que me faz desviar da trajectória, mas nada que me faça perder a confiança no 911 Turbo.

Depois de umas dezenas de quilómetros “a fundo” com o som do motor Boxer a ecoar pelo habitáculo, aproximo-me da saída para a “minha estrada” e decido baixar o ritmo, altura em que a PDK dá descanso ao 3.8 Biturbo, fazendo-o rolar com a inércia. Fica quase em silêncio, como uma boa berlina. Ainda assim, a média de consumo já está nos 30 l/100 km. Agora, é altura de termos o nosso momento a sós, naquela estrada que tão bem conheço. Vamos lá manter tudo em sport, até porque esta forma faz o escape emanar um som bem mais interessante, a borbulhar e a mandar “ratéres”. Abro a janela, obviamente.

Vou mantendo o ESP ligado, até que percebo que ele já me está a castrar um pouco o andamento e que o 911 me continua a pedir mais, dizendo que estou a ser um pouco “menino”. Mudo para o modo intermédio, para passar por uma fase de aprendizagem. A diversão aumenta, o ritmo também, e já me escorre algum suor pela testa, que o ar condicionado não consegue conter. Passo a utilizar as patilhas da caixa, mas rapidamente percebo que a PDK percebe bem as minhas intenções quando está na posição D, que nem é preciso ser eu a comandar.

Começo a entrar cada vez mais depressa e a corrigir os excessos com a acelerador, aproveitando que a direcção me diz sempre o que se passa com o eixo dianteiro, para além do facto de os arcos das rodas permitirem que eu saiba sempre onde as coloco e com isso consigo levar o pó das bermas da estrada. Os diferenciais trabalham cada vez melhor, a potência é sempre colocada no chão e, por isso, não resisto a colocar o ESP a dormir profundamente. O excesso de confiança apodera-se de mim e começo a reacelerar muito cedo, o que acaba por fazer descolar a traseira. Cometo o erro de contrariar a traseira com a direcção, o que resulta na inevitável chicotada, mas nada que uma travagem impetuosa não reponha. Foi por pouco, mas vamos lá outra vez! Volto a acelerar cedo, mas, desta vez, limito-me a alargar o aperto da mão, para deixar a direcção rodar livremente, o que resulta num escorregar de traseira na medida certa.

Porsche 911 Turbo

Agora sim, eu e o 911 estamos em sintonia. Ainda passo ao modo Sport Plus, mas rapidamente chego à conclusão que é tudo demasiado brusco para uma utilização numa estrada pública. A caixa fica algo “nervosa”, os diferenciais ficam alerta e o spolier dianteiro passa para a sua posição mais baixa. Torna o 911 mais difícil de conduzir, por isso acho que só serve mesmo para utilizar num track-day.

No fundo, só mesmo nessa situação se consegue tirar total proveito do 911 Turbo, pois as eficácia dinâmica é tão grande, que é preciso desligar o alerta de falta de civismo para conseguir extrair tudo do 911 Turbo. Bem, mas temos de parar que a luz da reserva já acendeu, pois a média continua perto dos 30 l/100 km. Vamos abastecer, voltar para casa e passar a noite a tentar acalmar a adrenalina.

São 213 111 euros para ter um 911 Turbo como este. Dá para comprar dois apartamentos nos arredores de Lisboa, mas nenhum deles dá tanto prazer. Aliás, dar até dão, mas não da mesma forma. Aquela que me fez esquecer, durante dois dias, que estamos em crise e que o Benfica perdeu a Final da Liga Europa.

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Airbag para condutor e passageiro (desligável)
Airbags laterais dianteiros
Controlo electrónico de estabilidade
Cintos dianteiros com pré-tensores e limitadores de esforço
Assistente aos arranques em subida
Ar condicionado automático bizona
Computador de bordo
Bancos dianteiros desportivos em couro com regulação eléctrica
Banco rebatível 50/50
Volante desportivo em pele regulável em altura+profundidade
Volante com patilhas para a caixa de velocidades
Direcção com assistência electromecânica variável
Sistema de navegação
Mãos-livres Bluetooth
Vidros eléctricos
Retrovisores exteriores eléctricos+aquecidos+rebatíveis electricamente
Retrovisor interior electrocromático
Pedaleira+apoio pé esquerdo+soleiras portas em alumínio
Sensor de luz/chuva
Luzes diurnas por LED
Faróis de Xénon direccionais com lava-faróis
Jantes de liga leve de 20″
Kit anti-furo

Escudo Porsche nos encostos de cabeça dianteiros (€209)
Retrovisores exteriores Sportdesign (€554)
Bancos dianteiros aquecidos (€0)
Sistema de controlo dinâmico do chassis (PDCC) (€3321)
Centro das jantes com o escudo Porsche a cores (€166)
Cruise-control (€406)
Bancos dianteiros ventilados (€1095)
Pára-brisas com faixa graduada escurecida(€117)
Preparação para telemóvel (€677)
Kit de iluminação interior (€455)
Sensores de estacionamento atrás e à frente (€369)
Pacote Sport Chrono (€4699)
Tecto de abrir eléctrico em vidro (€2325)
Servodirecção electromecânica (€271)
Tapetes (€185)
Fixação Isofix no banco do passageiros dianteiro (€185)

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Sobre o autor
zyrgon