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Ao volante (em Portugal) do novo Ford Explorer Plug-in Hybrid

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Ao volante (em Portugal) do novo Ford Explorer Plug-in Hybrid

Poucos dias volvidos sobre a apresentação (virtual) à imprensa do novo Ford Explorer Plug-in Hybrid (saiba tudo aqui), a filial portuguesa da marca da oval azul decidiu proporcionar a alguns jornalistas um contacto alargado com a única versão comercializada no mercado europeu daquele que passa a ser o seu maior SUV à venda no Velho Continente. Mesmo sem ser de molde a realizar o que pudesse ser considerado como um ensaio completo, foi não só mais prolongado do que o habitual numa apresentação dinâmica, como suficiente frutífero para bem conhecer, e perceber, os trunfos essenciais do modelo.

Durante essas cerca de 24 horas de convívio com o Explorer Plug-in Hybrid, do que não restaram dúvidas é que este tendeu a ser o centro das atenções por onde quer que passasse. Por ser um automóvel raro nas nossas estradas, obviamente, a mais recente interpretação de um modelo que há já algumas décadas não era proposto na Europa.

Mas não só. Para tal também contribuiu de forma determinante o porte impositivo, garantido pelos 5063 mm comprimento, 2107 mm largura, 1708 mm altura e 3025 mm de distância entre eixos. Assim como uma aparência exterior muito interessante e agradável, de um SUV tipicamente americano e de imediato identificável com a Ford, mas senhor de formas muito equilibradas, modernas e elegantes, e, não menos importante, capazes de transmitirem uma sensação de robustez e uma imagem, ao mesmo tempo, versátil e dinâmica – até porque só está disponível na Europa com o nível de acabamento ST-Line, com pormenores pretos e enormes jantes de 20”, revestidas por pneus Michelin A/S de medida 255/55.

Sem deixar dúvidas quanto à sua origem geográfica e de concepção, o novo Ford Explorer nem por isso deixa de exibir formas modernas, equilibradas e apelativas

Sem deixar dúvidas quanto à sua origem geográfica e de concepção, o novo Ford Explorer nem por isso deixa de exibir formas modernas, equilibradas e apelativas

Uma vez a bordo, de imediato se percebe que a vertente familiar foi uma das principais preocupações da Ford quando do desenvolvimento do novo Explorer. O espaço interior é muito amplo, o que lhe permite oferecer sete acolhedores lugares, pois até na terceira fila é possível a dois adultos de estatura média viajarem com apreciável conforto, inclusive em deslocações mais longas, e até quando os bancos exteriores da segunda fila, aquecidos e dotados de regulação longitudinal (o central é fixo), se encontram na sua posição mais recuada – ainda que o acesso aos dois lugares posteriores exija alguma desenvoltura de movimentos.

E como todos os bancos das duas filas traseiras são rebatíveis (os dois últimos de forma totalmente eléctrica), a bagageira será outro trunfo de peso do Explorer Plug-in Hybrid. Com 330 litros de capacidade com os sete lugares montados, oferece nada menos do que 1137 litros na configuração de cinco lugares, ou uns impressionantes 2274 litros com os cinco bancos traseiros rebatidos. Ao mesmo tempo, são tantos os espaços de arrumação existentes um pouco por todo o habitáculo, que, por vezes, o melhor poderá ser desenhar um mapa para recordar onde é que se deixou o quê de cada vez que se faz uso dos mesmos…

Quanto à decoração do habitáculo, convence, dominada que é pelo preto, mas profusamente pontuada por elementos vermelhos, mormente as costuras contrastantes da pele que reveste bancos, volante e painéis das portas. Já os materiais utilizados estão mais de acordo com aquilo que é a tradição automobilística norte-americana nesta matéria, bastante ficando a dever ao conhecido das marcas europeias, sobretudo as do Norte da Europa, dominadoras do segmento dos SUV com este porte e nível de preço – globalmente medíocres, vale ao modelo ter boa parte do habitáculo revestida a pele, e contarcom aplicações a imitar carbono na secção central do tablier, para que a sua desvantagem neste particular não seja mais notória. Ainda assim, montagem e acabamentos são de bom nível, garantindo uma robustez que deu mostras da sua valia quando nas incursões pelo fora de estrada, nem aí se identificando ruídos parasitas ou indícios de folgas ou outras falhas de construção que façam temer por um envelhecimento menos saudável.

Espaço a bordo é o que não falta ao Explorer Plug-in Hybrid, e mesmo na terceira fila de bancos é possível transportar dois adultos de estatura média com conforto e razoável liberdade de movimentos

Espaço a bordo é o que não falta ao Explorer Plug-in Hybrid, e mesmo na terceira fila de bancos é possível transportar dois adultos de estatura média com conforto e razoável liberdade de movimentos

Num automóvel em que as únicas opções são algumas pinturas especiais, tudo o resto sendo proposto de série, equipamento é o que também não falta ao Explorer Plug-in Hybrid. Em destaque, o painel de instrumentos totalmente digital, tão legível quanto informativo, com o grafismo habitual da Ford, e muito fácil de operar, até na exploração dos muitos menus disponíveis; o enorme tecto de abrir, que se prolonga até final da segunda fila de bancos, oferecendo uma excelente luminosidade ao interior; e a interessante solução encontrada para a base do sistema de carregamento por indução para smartphones, colocada na vertical, logo abaixo da tampa do apoio braços central, o que não só permite poupar espaço face ao habitual, como evita que o smartphone, numa condução mais intensa, deslize e se desvie do local de carga.

Por outro lado, e também por via dos bancos dianteiros eléctricos, aquecidos, ventilados e com função de massagem, muito confortáveis e com razoável encaixe, como seria de esperar no nível ST-Line, o posto de condução é muito bom. Não demasiado elevado, e deveras envolvente para um automóvel com estas características, beneficia, ainda, de uma boa ergonomia, de um volante soberbo em termos de dimensões e pega, capaz de fazer inveja a muitos modelos de pretensões desportivas, e até a visibilidade para o exterior convence para um automóvel com estas dimensões, seja através do retrovisor interior ou dos exteriores.

Bem instalado o condutor atrás do volante, é, pois, tempo, de passar à acção, sendo, neste particular, um dos principais motivos de interesse do Explorer Plug-in Hybrid o grupo motopropulsor híbrido plug-in, em que se combinam um motor 3.0-V6 biturbo a gasolina de 363 cv, que tem acoplada a caixa automática de dez velocidades concebida e produzida pela própria Ford, com um motor eléctrico de 109 cv, para um rendimento combinado de 457 cv e 825 Nm. Por seu turno, a bateria de iões de lítio com 13,6 kWh de capacidade permite ao modelo anunciar uma autonomia de 42 km no ciclo WLTP em modo totalmente eléctrico, demorando a respectiva recarga 4h20m numa Wallbox, e 5h50m numa toda de corrente doméstica, uma vez que o carregador de bordo não vai além dos 3,6 kW.

Ainda que a qualidade de materiais esteja aquém da das referências europeias, os revestimentos em pele, a bem conseguida decoração e um equipamento excepcionalmente rico tornam o habitáculo um local muito aprazível

Ainda que a qualidade de materiais esteja aquém da das referências europeias, os revestimentos em pele, a bem conseguida decoração e um equipamento excepcionalmente rico tornam o habitáculo um local muito aprazível

Uma motorização que agrada imenso e de que será difícil não gostar. Apesar da experiência de condução ter sido curta, chegou para confirmar que, no modo 100% eléctrico, é possível percorrer cerca de 45 km em cidade sem grandes constrangimentos – sendo que, numa condução realmente cuidadosa, que vise a maior eficiência possível, antevê-se não custe cumprir meia centena de quilómetros em percurso urbano fazendo uso apenas do motor eléctrico. De referir que, além do modo EV Agora, exclusivamente eléctrico, existem ainda as opções de funcionamento do motor EV Automático (o próprio sistema se encarrega de seleccionar a melhor opção a cada momento) e Carregamento EV (em que a bateria é carregada pelo motor a gasolina, dispensando-se, sempre que possível, o recurso ao motor eléctrico).

Quanto aos consumos, e uma vez esgotada a carga da bateria, o Explorer Plug-in Hybrid regista cerca de 7,0 l/100 km em estrada, fica liminarmente abaixo dos 10,0 l/100 km em auto-estrada e regista uma média em torno dos 12,0 litros em cidade (cerca de 8,0 l/100 km na primeira centena de quilómetros, com a bateria totalmente carregada). Todos são valores mais do que razoáveis para SUV a gasolina de 450 cv e estas dimensões e peso, mas também não é de estranhar que, quando se pretende tirar em permanência todo o potencial da unidade motriz, os valores vão já para lá dos 20,0 l/100 km.

A favor da motorização está, também, a sua impressionante capacidade de resposta. Mesmo com um peso a rondar as duas toneladas e meia, esmagar o acelerador equivale, em praticamente todas as circunstâncias, a de imediato deixar “colados” os passageiros contra as costas dos respectivos bancos, com o poder de aceleração a manter-se praticamente linear até à velocidade máxima – que a Ford anuncia ser de 230 km/h, embora a agulha do velocímetro só pare nos 240 km/h… Os 0-100 km/h cumprem-se, segundo a marca, em 6,0 segundos, mas, de facto, o que mais impressiona é o imediatismo da resposta às solicitações do pedal da direita, de tal forma que, nos primeiros momentos de convívio com o modelo, é necessária alguma habituação ao doseamento do acelerador, tal a facilidade (nalgumas situações, como manobras de estacionamento em espaços mais apertados, excessiva) com que o Explorer Plug-in Hybrid salta para a frente mal este é pressionado.

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Muito mais fácil de conduzir do que as suas dimensões e peso fariam esperar, o Explorer Plug-in Hybrid também brilha no plano dos consumos e das prestações, em cidade como em estrada aberta

Assim sendo, no plano dinâmico, e em tudo o que não sejam solicitações extremas, este é um SUV extremamente agradável e fácil de conduzir. Até porque o que não falta são modos de condução que se ajustam às mais variadas condições de utilização: Reboque, Desporto, Eco, Normal, Escorregadio, Trilho, Neve/Areia Intensa. Não obstante a pertinência da tradução, qualquer deles mostrou-se muito bem adaptado à função a que se destina, podendo ser complementados, assim o utilizador pretenda um maior envolvimento, pelas patilhas no volante, para comando manual em sequência da caixa de velocidades.

Em condições normais, o eficaz isolamento do habitáculo, e as próprias características da motorização, fazem com que o ambiente a bordo seja extremamente calmo, dominado pelo silêncio, ou pelo suave “ronronar” do V6, que só nos regimes mais elevados se torna um pouco mais audível e algo esforçado, confirmando a postura mais familiar do modelo. As suspensões, independentes nas quatro rodas, adoptam um compromisso entre eficácia e conforto que lhes permitem superar a maioria das irregularidades com competência suficiente para que estas não sejam incómodas para os ocupantes, mesmo não lhes sendo, propriamente insensíveis. Ao passo que a estabilidade em linha recta não merece reparos, do mesmo modo que a atitude em curva é bastante convincente, graças a reacções sempre honestas e previsíveis, que até o mais pacato dos condutores controlará deforma fácil e intuitiva.

Já quem quiser pretender usufruir de forma mais aprofundada do potencial mecânico do Explorer Plug-in Hybrid tenderá a ficar agradavelmente surpreendido. Desenganem-se os que possam pensar que a Ford só faz automóveis dinamicamente muito competentes quando de vocação desportiva, ou destinados ao mercado europeu, onde as exigências nesta matéria continuam a ser muito superiores às de outras latitudes, nomeadamente a América do Norte. Mesmo tendo sido concebido a pensar, principalmente, no mercado norte-americano, e fabricado localmente, aquela atitude bamboleante, nada envolvente, nada convincente, que tantas vezes é associada aos modelos aí produzidos, não consta, em absoluto, das credenciais deste Explorer, que, em determinadas situações, até parece ter passado pelas mãos dos técnicos da Ford Performance.

Não obstante as quase 2,5 toneladas de peso, o comportamento dinâmico surpreende pela positiva, garantindo uma eficácia e uma agilidade inesperadas para um SUV com este porte, e sem que o conforto de macha saia penalizado

Não obstante as quase 2,5 toneladas de peso, o comportamento dinâmico surpreende pela positiva, garantindo uma eficácia e uma agilidade inesperadas para um SUV com este porte, e sem que o conforto de macha saia penalizado

Primeiro elogio para a forma como a afinação da suspensão, apesar do tal compromisso entre eficácia e conforto, assegurado por um amortecimento relativamente macio, e um curso que não é dos mais curtos, consegue controlar os movimentos da carroçaria, mesmo nas solicitações mais intensas, gerindo com evidente competência tão elevada massa. Não menos importante, a frente insere-se com supreendente rapidez e precisão em curva, com a tendência para a subviragem manifestada nos limites a ser devidamente controlada pela electrónica de forma relativamente discreta, para que tudo se processe com insuspeita rapidez e elegância.

O passo seguinte, para os mais afoitos, ou exigentes, será desligar o controlo de estabilidade, o que garante uma agilidade que rapidamente faz quem siga ao volante esquecer-se da imponência do Explorer Plug-in Hybrid. Nas saídas em potência, ou nos desiquilíbrios provocados pela acção sobre o acelerador e o volante, começa por impor-se uma deriva de traseira, que o sistema de tracção integral contaria de forma muito natural, enviando mais binário para o eixo dianteiro, quase fazendo deste imponente SUV um automóvel gracioso.

Só é pena que, mesmo no modo de condução Desporto, a resposta da direcção não varie muito da dos restantes, nada se perdendo se fosse um pouco mais directa e informativa. Pelo contrário, até numa condução realmente empenhada em retorcidas estradas de montanha, nada condicente com a vocação de um automóvel com esta vocação, o sistema de travagem agrada quer pela potência, quer pela resistência à fadiga, nitidamente acima do esperado, embora requeira algum hábito para que se possa modular devidamente o respectivo pedal, devido ao tacto algo artificial.

Referência final para os modos de condução destinados à condução no fora de estrada, e à forma como o Explorer Plug-in Hybrid se comporta nestas circunstâncias. Mais uma vez aqui, é necessário atentar no doseamento do acelerador, para que involuntários exageros não levem a consequências embaraçosas; mas, exceptuando esse pormenor, e desde que ao modelo se lhe não exija aquilo para que não foi concebido, este acaba por cumprir na plenitude aquilo a que se propõe.

Não sendo um verdadeiro "TT", o Explorer Plug-in Hybrid conta com recursos que, no fora de estrada, lhe permitirão ir mais longe do que aquilo que a maioria dos seus proprietários estará disposta a arriscar

Não sendo um verdadeiro “TT”, o Explorer Plug-in Hybrid conta com recursos que, no fora de estrada, lhe permitirão ir mais longe do que aquilo que a maioria dos seus proprietários estará disposta a arriscar

Ou seja: não só o sistema de transmissão integral está mais vocacionado para os pisos de fraca aderência do que para o todo-o-terreno “puro e duro”, além de que desprovido de “redutoras” ou bloqueios de diferencial, como a altura ao solo, e os ângulos característicos, não fazem deste o SUV mais “trialeiro” do mercado. O que não obsta a que, dentro das suas  limitações, Explorer Plug-in Hybrid evolua com relativa facilidade sobre outros pisos que mão o asfalto, tendo a ir muito mais longe do que aquilo que a maioria dos seus potenciais compradores terá a audácia de arriscar, e acreditará sejam as suas capacidades nesta matéria.

Tudo somado, o Explorer Plug-in Hybrid acabou por revelar-se um SUV de grande porte muito completo e versátil, nada distante da realidade europeia, bem pelo contrário, e capaz de bater-se sem complexos com os seus rivais do Velho Continente nos principais parâmetros de avaliação. Não terá a seu favor uma imagem tão forte quando a dos seus rivais europeus, mas a isso contrapõe a exclusividade que lhe é garantida por uma outra originalidade, decorrente de ser presença desconhecida no nosso mercado há largos anos, e uma postura comercial bastante competitiva.

Naturalmente que um preço de tabela de €84 210 não está ao alcance de muitos. Mas há que que atentar que no mesmo se inclui um equipamento de série riquíssimo, o qual, para ter equivalência nos seus putativos concorrentes directos, obriga-os a praticar valores já na casa da centena de milhar de euros. Vantagem adicional: quem optar por um Explorer Plug-in Hybrid nesta fase de pré-encomenda (a entrega das primeiras unidades na Europa está prevista apenas para a próxima Primavera) usufruirá de um desconto directo de €7065, e que pode somar-se uma valorização adicional de €1500 de uma eventual retoma, permitindo que a sua aquisição fique por uns ainda mais convincentes €75 645.

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zyrgon