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Estreia pouco auspiciosa

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Estreia pouco auspiciosa

Estou à vontade para falar sobre os Prost. Primeiro, porque sou amigo do Alain desde que ele, em 1977, guiou pela primeira vez um F2 (em Nogaro, e depois no Estoril) numa equipa que eu dirigia e a pedido (ou melhor, com o patrocínio) de François Guiter, o homem forte da ELF e o grande mentor de uma grande leva de pilotos franceses. Em segundo lugar, porque tendo vivido anos em Morges, na Suíça, mesmo ao lado da primeira casa da Família Prost, conheci o Nicolas desde pequenino e devo fizer que não me lembro de qualquer tendência sua para guiar automóveis, a não ser mais tarde, já depois de ter concluído os estudos nos EUA. Por fim, mesmo nos últimos tempos, sempre mantive um bom relacionamento com o tetra campeão do mundo, inclusivamente tendo sido um dos poucos que ganhou uma aposta com ele…e que ele pagou.

Mas, nem tudo são sempre rosas. A FIA inaugurou este fim de semana em Pequim o seu mundial de Formula E. Perfeito, uma federação que se quer verdadeiramente vanguardista e com visão futurista tem de o fazer. Pensaram também, e muito bem, levar esta nova categoria às cidades, a circuitos citadinos totalmente novos, o que é uma excelente medida.

2-1

Só que para isso, e porque se trata de carros de corrida, mesmo que não andem muito e não façam barulho, há que manter as regras de segurança e as desportivas também bem controladas. Ora, aqui, o sr. Todt falhou. Primeiro, o responsável pela promoção e marketing, o espanhol Alejandro Agag, pessoa de óptimas raízes tanto financeiras como sociais, casado com a filha do ex-PM de Espanha, Aznar, apesar de já ter alguma experiência no desporto automóvel, como dono de uma escuderia de F2, não me parece que se tenha preparado bem para esta nova etapa da sua carreira. Com uma base financeira muito sólida, conseguiu no papel pôr uma categoria de pé com tudo para ter sucesso: circuitos citadinos, em Pequim, na Malásia, em Berlim, em Londres, em Buenos Aires, em Punta del Este e em Long Beach, chamam a atenção de um público novo.

Mas, a segurança não estava lá e, depois do acidente de Sábado entre Prost e Heidfeld, vir o bom do Alejandro dizer que foi o melhor que podia ter acontecido a esta categoria…merece uma bocadinho de pimenta na língua. O sistema de segurança estava um caos, os comissários de pista e os serviços médicos um desastre, os correctores de pista uma desgraça e, por fim, o Prost manda uma guinada no pobre do Nick e não o manda para o hospital porque o Deus de serviço em Pequim no Sábado passado era…alemão.

OK, tudo isto pode acontecer, são corridas e, por vezes, o risco é imprevisível. Mas há que o minimizar e isso não aconteceu. Estavam lá todos os big names da FIA, mesmo o responsável máximo dos pilotos no Conselho Mundial, o meu grande amigo e primeiro patrão, Emerson Fittipaldi.

Nicolas Prost não pode apanhar só uma penalização de dez lugares no grid da próxima corrida, sobretudo depois de não se ter inicialmente considerado culpado e ter minimizado o acidente. Depois, o Agag devia de ter estado calado, ou, pelo menos, falar alguma coisa que fizesse sentido, inclusivamente apontando um ou outro erro, que houve suficientes, garantindo que no futuro ia ser diferente.

No entanto, os circuitos que aí vêm não me dão muita segurança no que respeita à formação dos comissários de pista. Ora, no passado, tanto na F1 como no MotoGP, os organizadores e os promotores recorreram aos serviços e à formação dos comissários portugueses em provas do mundial – na Malásia, na China, no Qatar, só para referir alguns. Meus senhores, está na hora de o voltarem a fazer, não caem os parentes na lama, mesmo que está seja uma fórmula mais limpa do que as duas mais importantes no desporto motorizado de duas e quatro rodas. Por favor…

Domingos Piedade

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