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O Fado mudou

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O Fado mudou

Já quase tudo se disse sobre os heróis de Saint Denis. E muito já se disse sobre os eventuais efeitos futuros da singularidade do feito por eles alcançado.

Num intervalo de alguns dias, outros atletas portugueses regressam de Amsterdão devidamente medalhados. Alunos do 11º ano de Oeiras vencem concurso internacional de ciência (Odysseus II) participado por outros 23 países e realizado em Bruxelas. Cinco jovens repórteres portugueses vêem os seus trabalhos sobre Ambiente serem premiados em outro concurso internacional relevante. Outros jovens ganham festivais internacionais de matemática, os vinhos portugueses conseguem 16 Grandes Medalhas de Ouro em Bruxelas… Cumulativamente.

Afinal, que se passa? Estamos a deixar de ser o país do fado? Da desgraça? Na verdade, o fado já mudou, com uma nova geração de protagonistas. Na verdade, aqui tudo está a mudar. E depois há o pequeno Mathis (bem merecia uma Comenda pelo serviço prestado), que tão bem personificou e demonstrou o carácter do renovado Ser português. Num mesmo dia, duas luvas brancas. Uma que os pôs a chorar, e a outra que os reconfortou.

As consequências (vocábulo sempre com carga negativa, mas em mutação) de tudo isto estão muito para além da vitória de uma Taça, de uma medalha ou de um diploma, por mais importantes que sejam, individualmente considerados. Habituados a caírem perante cada desgraça, e a levantarem-se com o passar do tempo que “tudo” apaga, os portugueses começam a elevar-se mais e a cair menos. Começam a bater-se de igual para igual. Sem menoridades. Começam a conhecer-se e a confiarem nas suas capacidades. A olharem para as adversidades com otimismo, como apenas mais um desafio até à conquista da taça, até à medalha. Sem menoridade. Cá ou lá!

É a Autoestima de um povo que começa a ter consciência do seu real valor, assumindo a herança do pequeno Afonso Henriques que a transpirava, e que ainda que órfão de pai e mal “tratado” pela sua mãe, a “espanhola” Teresa Urraca, resolutamente assumia e determinava o seu querer. A melhoria da nossa autoestima enquanto povo, temperada com a nossa tradicional humildade, inteligência e árduo trabalho (de muitos mais que os poucos) progredirá assim em crescendo. É assim, como quando as coisas nos começam a sair bem e depois nunca mais saem mal…. E não nos faltam bons exemplos: as comendas mais merecidas das últimas décadas!

Finalmente, e a titulo de exemplo: o jornal de referência britânico, The Telegraph, relembrou na sua edição de anteontem (segunda feira) que Portugal anda na boca do mundo há muito como um dos bons destinos turísticos, mas a vitória no futebol e as medalhas arrecadadas no Europeu de Atletismo despertaram os mais distraídos, chamando a atenção, no seu suplemento de Lifestyle, para “as 22 boas razões para escolher Portugal como o próximo destino de férias”.

Agora que o fado mudou, tudo está melhor!

Mário Lopes

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Mário Lopes