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Um par de Bottas no sapatinho de Natal da Mercedes

Artigo
Um par de Bottas no sapatinho de Natal da Mercedes

Quando, logo na semana em que ganhou o primeiro título de F1, Nico Rosberg mandou umas mensagens ao board da Mercedes-Benz AMG Formula One Team, nas pessoas de Toto Wolff e Niki Lauda, certamente que não lhe passaria pela cabeça a confusão que iria provocar, apanhando toda a gente em contrapé. A última corrida em Abu Dhabi tinha mostrado que a direcção da equipa estava totalmente com o alemão, pois a forma como protestaram, e até ameaçaram o Lewis Hamilton, na últimas voltas marcara muito fortemente que o ano de 2017 seria assim uma prestação de vassalagem ao terceiro alemão, depois de Schumacher e Vettel, a ganhar o Mundial.

A Mercedes queria, naturalment,  Rosberg como campeão, já tinha tido o inglês nos últimos dois anos e sofrido com as oscilações de comportamento e de mood de Lewis. Na realidade, o inglês às vezes parece meio abstracto, chegando mesmo a passar pelos membros da equipa e nem sequer lhes falar, nem tão pouco olhar para eles, para depois ser efusivo quando por eles passa de novo… Aquilo é muito pirilampo, umas vezes dá luz, e outras não! Mas, como dizia anteriormente, Stuttgart tinha tudo preparado para usufruir calmamente do mundial do Nico, dando descanso aos homens do Marketing e Retalho internacionais com alguém que se comporta sempre da mesma maneira, ou seja, impecavelmente.
Bem, isso era o que eles, e até os fãs alemães, pensavam. De repente, Nico manda os tais SMS à equipa e também ao Dr. Zetsche e ao Prof. Weber, e anuncia logo de seguida o conteúdo dos mesmos na conferência de imprensa em Viena. Pum! Grande bomba e, de repente, os alemães e os austríacos do board têm de fazer uma pirueta de 180 graus.

O mau da fita, o Lewis, passa rapidamente a bonzinho; o Toto e o Niki pedem-lhe desculpa publicamente por terem sido tão malcriados com ele; o inglês tem uma birra e acusa a liderança da equipa de lhe ter faltado ao respeito; etc., etc. Ai Jesus, estamos no Natal, e agora? Ainda por cima, o Paddy Lowe, aquele que todos dizem ser o non plus ultra, o XPTO no sucesso da equipa, anuncia que, se calhar, não vai renovar o contrato de vários milhões anuais que tinha na mesa. Bem, pior ainda, não é?

E, logo em seguida, depois de, mais uma vez, os austríacos da equipa, vulgo Toto e Niki, terem posto pela enésima vez o pé na poça com afirmações infelizes, afirmando pomposa e publicamente que todos os pilotos do grid tinham ligado para perguntar se o lugar poderia ser ocupado por eles… veio a entidade protectora dos contratos dos pilotos de F1 avisar que sem o OK dos chefes de equipa não havia nada para ninguém. Ou seja, da parte contratual dos homens de topo, ZERO. E dos outros eventuais, ZERO ZERO, porque a Mercedes de Stuttgart não aceitava estes últimos.

Ora, tiveram de ir a correr ao mercado e comprar tarde e mau, pois Pascal Wehrlein, que seria a escolha lógica, não conseguiu convencer os que neles acreditaram (Toto and Co.) durante a época de 2016. Quem ganhou com o anúncio do Nico? Para mim, a Williams. Com a eventual redução drástica no custo da factura do fornecimento de motores da Mercedes, mais a hipótese de ir buscar Felipe Massa de volta à competição, aliado ao contrato com Paddy Lowe e mais uma injecção a sério de Stroll, o pai do menino que tem o segundo volante de Sir Frank Williams, a sua filha Claire, uma Team Manager mais astuta do que se pensa, “empurrou” para o mercado uma alternativa ideal para todos…

Bem, ainda não sei bem se isto é definitivo ou não, pois Lewis Hamilton também não reagiu até agora a esta possível contratação, que apresenta Valtteri Bottas como o salvador da pátria. Nã o sei se não é um grande par de botas para alguns, pois o finlandês não é pêra doce e vai fazer a vida negra, ainda mais negra, ao inglês. Na Williams, se for Massa, o puto Stroll vai ter a vida mais facilitada e tem no brasileiro um professor que já sabe que está a prazo, saindo no final do ano, isto no caso de Felipe vir a aceitar voltar. O Toto, finalmente, pode dedicar mais atenção ao seu pupilo Bottas, de quem é o manager comercial (sim, sim – na F1, o conflito de interesses não é assim uma questão muito considerada), vai ter mais tempo para preparar 2018 e, assim, salvar a pele. Mas levou um abanão de todo o tamanho. E, agora, vamos esperar pela Gala de Fim do Ano, como nas novelas, para ver o que vai acontecer mesmo.

A época 2017 não quer dizer que vá ser de novo um passeio no parque para a Mercedes. Os novos regulamentos são capazes de misturar de novo as cartas todas, e os baralhos ficam mais divididos. Também os carros vão ser mais difíceis de guiar, mais exigentes fisicamente, as equipas mais equilibradas e isto tudo não era muito apetitivo para Nico Rosberg. Portanto… sai uma série de SMS para a equipa, para os chefes da Mercedes e para a mãe, também, mas esta mensagem escrita já com texto mais envolvente: “Olha, mãe, já agora avisa  também o pai da minha decisão se fazes favor”. O Keke, quando falei com ele no dia do anúncio, à sua boa maneira, ria-se e dizia-me: “Domingos, the kid has always been different, very special indeed!”. Pois, arranjou foi um par de Bottas para o sapatinho da Mercedes.

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zyrgon