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4 litros aos 100? Talvez 5…

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4 litros aos 100? Talvez 5…

Portugal tem estado sistematicamente nos países que têm liderado as compras de automóveis novos com menores emissões de dióxido de carbono. As razões são simples. Por um lado, há uma relação direta entre as emissões deste poluente e o consumo de combustível, sendo que para um mesmo consumo, as emissões são superiores para o caso do gasóleo, que tem maior teor de carbono. Porém, dada a maior eficiência de um motor Diesel por comparação com um motor a gasolina, veículos semelhantes, se a gasóleo, acabam por em geral até apresentar emissões menores. Assim, os portugueses querem poupar nos gastos de combustível, para além de escolherem também por limitações do poder de compra, automóveis de menor dimensão, que logo à partida também apresentam menores consumos.

As implicações das emissões de CO2 para a saúde pública, quando emitido para o ar exterior (ar ambiente), não têm qualquer relevância. O grande problema do dióxido de carbono é o facto dele ser considerado um gás com efeito de estufa, e assim agravar o aquecimento global e as consequentes alterações climáticas, tal como acontece com toda a queima de combustíveis fósseis.

A questão pertinente é saber se no dia a dia os consumos anunciados pelas marcas se verificam realmente na prática. De acordo com estudos publicados ao longo dos últimos meses, existe uma discrepância entre os dados relativos ao consumo de combustível e emissões de CO2 divulgados por vários fabricantes europeus de automóveis e aqueles que se verificam depois em condições reais de condução. Diversas marcas automóveis apresentam diferenças tipicamente entre os 25% e os 30%, e só algumas se aproximam de discrepâncias da ordem dos 15% (mesmo assim, uma diferença significativa quanto a um maior consumo). O estudo mostra ainda que os fabricantes automóveis com melhor desempenho ambiental (mais eficientes e com menores emissões poluentes) das suas frotas “manipulam” menos os resultados. Em média, apenas 55% das melhorias obtidas em testes em laboratório resultaram em reduções efetivas de emissões poluentes e de consumo de combustível em condições reais de condução, comparando a evolução do mercado entre 2005 e 2011, com consequências ao nível da transparência e confiança dos consumidores nas marcas.

Estas diferenças tão importantes prendem-se com a natureza do teste de avaliação da performance de consumo dos veículos, cujas regras em relação ao perfil de condução, equipamento presente, pneus utilizados e afinação, estão desatualizadas ou insuficientemente claras para permitir depois uma comparação honesta entre marcas e junto do consumidor.

Este assunto, em discussão atualmente na União Europeia, e que poderá no futuro aumentar a exigência de verificação e monitorização envolvendo testes não apenas em dinamómetros de rolos mas em estrada e em condições reais, é um desafio para a indústria, mas um progressos grande para a informação aos consumidores, a bem do ambiente.

Francisco Ferreira
Quercus

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