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Ao volante do novo DS 9 E-Tense. Em Setembro desde €59 100

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Ao volante do novo DS 9 E-Tense. Em Setembro desde €59 100

O DS 9 já foi por várias vezes motivo de destaque na Absolute Motors, seja quando da sua apresentação virtual (saiba mais aqui), ou no momento em que foi possível ter um primeiro contacto, apenas estático (saiba mais aqui), com a nova berlina de três volumes de topo de gama da marca francesa de prestígio do Grupo Stellantis. Mas o regresso ao tema não podia deixar de acontecer quando a DS Automobiles decidiu proporcionar à imprensa lusa uma primeira experiência de condução a bordo da sua novel criação, para mais em estradas portuguesas.

A oportunidade serviu, ainda, quer para recordar alguns dos seus atributos, quer para confirmar algumas das apreciações anteriormente formuladas. Sendo, neste ponto, imprescindível lembrar que, não obstante partilhar com o Peugeot 508 boa parte dos componentes, o DS 9 é uma proposta distinta, com uma personalidade e um carácter muitos próprios, e, até, com um posicionamento diferente, desde logo por ter por base uma nova versão da conhecida plataforma modular EMP2 (identificada pela sigla EMP2 V2.3), sendo o modelo que maior distância entre eixos oferece entre todos os que da mesma fazem uso: 2985 mm, isto é, mais 247 mm do que no DS 7 Crossback (até aqui, a proposta de topo da marca), e mais 192 mm do que no seu “primo” da casa do leão – a que se juntam dimensões exteriores não menos imponentes, como os 4934 mm comprimento, os 1932 mm de largura ou os 1460 mm. Ou seja: é um dos maiores representantes do chamado segmento D, ou dos familiares médios, aflorando o porte que costuma caracterizar os automóveis que se integram no segmento acima, o dos grandes familiares.

Tais atributos traduzem-se, naturalmente, em factores de carácter prático deveras importantes, como uma soberba habitabilidade, em especial a oferecida aos ocupantes do banco traseiro, e particularmente a destinada às respectivas pernas; assim como uma generosa bagageira, com 510 litros de capacidade. Mas, também, em predicados mais subjectivos, porém, não menos relevantes, como uma aparência a que é praticamente impossível ficar indiferente: ao mesmo tempo dinâmico e muito elegante, o DS 9 adapta os cânones estilísticos da DS à classe em que se insere, sendo indelevelmente marcado por elementos como a linha de tejadilho com acentuada quebra em direcção à traseira, ao estilo fastback; a expressiva frente, dominada pela grelha de desenho paramétrico, com efeito diamantado tridimensional e enquadrada pelas já célebres DS Wings, bem como pelas sofisticadas ópticas DS Active Led Vision, com módulos rotativos a 180° e inconfundíveis luzes de circulação diurna; o “sabre” no capot, denominado Clous de Paris; as luzes instaladas no topo dos pilares traseiros, evocando o inesquecível DS original, de 1955; os puxadores das portas retrácteis; ou a fluída secção traseira, em que se destacam os farolins por LED com formato de escama e efeito tridimensional.

Em concreto, o DS 9 impõe-se, visualmente, por onde quer que passe, cativando praticamente todos os olhares, e revelando-se ainda mais apelativo no mundo “real”, integrado no restante parque circulante, do que em fotografia, ou quando observado “a solo” num espaço fechado. O interior, esse, confirma todas as primeiras impressões, contando, a par do excelente espaço habitável, com materiais refinados e acabamentos de nível superior, bem como com uma decoração tão sóbria quanto requintada, e diversas soluções que merecem referência – casos do tablier totalmente revestido a pele ou Alcantara; dos botões em forma de cristal sensíveis ao toque; do revestimento em Alcantara do tejadilho e palas para o sol; dos puxadores das portas revestidos manualmente a pele; da iluminação ambiente configurável; do volante totalmente revestido a pele; do relógio B.R.M. rotativo a 180°; ou do tratamento especial destinado a suprimir os ruídos exteriores (em que se combinam o vidro acústico laminado, com 3,96 mm de espessura, com uma montagem reforçada dos painéis de carroçaria). Ao mesmo tempo, até os lugares laterais posteriores podem contar com aquecimento, ventilação e massagem, enquanto que o sistema de som Focal Electra, com 515 Watt e catorze altifalantes (sendo os tweeters em aço inoxidável), garante uma insuspeita qualidade acústica.

Em Portugal, a gama do DS 9 articula-se em torno de duas opções de motorização e de dois níveis de equipamento. O Performance Line +, de carácter mais dinâmico, conta, no exterior, com emblema DS Performance Line cromado nas portas dianteiras e no capot, DS Wings e deflector traseiro cromados, grelha em preto brilhante e jantes de liga leve de 19’’ revestidas por pneus de medida 235/45. Ao passo que no habitáculo merecem referência os revestimentos em Alcantara preta (consola central e tablier), os bancos forrados a Alcantara e pele (também em preto) com costuras contrastantes, e o volante em pele perfurada de grão integral.

Quanto ao nível Rivoli +, tem nos revestimentos em pele granulada preta o seu principal elemento distintivo, podendo ser complementado, em opção, com o ambiente Opera, que permite escolher entre a cor preta ou vermelha para a pele que reveste os bancos (com confecção tipo bracelete), a consola central, os painéis de portas e a totalidade do tablier. O volante também é totalmente revestido a pele, assim como o punho de comando da transmissão e as pegas das portas, sendo o tejadilho, palas para o sol e chapeleira revestidos a Alcantara com costuras em “ponto pérola”, merecendo ainda menção as aplicações em alumínio os pedais e na consola central.

Quanto aos motores, o DS 9 será proposto em Portugal apenas em versões híbridas plug-in, dado que não faria sentido comercializar entre nós a variante animada pelo motor 1.6 turbo a gasolina de 225 cv existente noutros mercados, nomeadamente por razões fiscais, logo, de posicionamento de preço. Assim, na base da oferta estará o DS 9 E-Tense, disponível já a partir de Setembro, por €59 100 com o acabamento Performance Line +, e por €69 100 com o acabamento Rivoli +. O seu grupo motopropulsor combina o motor 1.6 PureTech a gasolina de 180 cv e 300 Nm, com um motor eléctrico de 110 cv e 320 Nm integrado na caixa automática de oito velocidades, uma bateria de iões de lítio com 11,9 kWh de capacidade e um carregador de bordo de 7,4 kW. As suas credenciais indicam um rendimento combinado de 225 cv e 360 Nm, 8,7 segundos nos 0-100 km/h, 240 km/h de velocidade máxima, autonomia de 56 km em modo totalmente eléctrico (disponível até aos 135 km/h), consumo combinado de 1,5 l/100 km, emissões de CO2 de 33-34 g/km e carregamento da bateria em 1h45m numa Wallbox a 7,4 kW, ou em 6h30m numa tomada de corrente doméstica.

Para 2022 (preços ainda por definir) está prevista a chegada do DS 9 E-Tense 4×4 360, cuja mecânica é, no essencial, a mesma do recém-apresentado 508 Peugeot Sport Engineered, que a Absolute Motors teve já a oportunidade de conduzir (saiba tudo aqui). Neste caso, a diferença é, essencialmente, ditada pela adição de um motor eléctrico de 113 cv e 166 Nm instalado no eixo traseiro, que garante a tracção integral e permite aumentar o rendimento do conjunto para 360 cv e 520 Nm, de que resultam uma velocidade máxima electronicamente limitada a 250 km/h, uma aceleração 0-100 km/h cumprida em 5,6 segundos, 25,2 segundos no quilómetro de arranque e 3,2 segundos na reprise 80-120 km/h. Exclusivos desta versão são, igualmente, as vias alargadas em 24 mm na frente e 12 mm atrás, as jantes de 20” revestidas por pneus Michelin Pilot Sport 4S de medida 235/40, os discos de travão actuados por pinças de quatro pistões em ambos os eixos (diâmetro de 380 mm na frente e de 290 mm atrás), e o ESP especialmente calibrado para ser um pouco mais permissivo, assim se adequando à postura do veículo – a tudo isto se juntando a suspensão pilotada DS Active Scan Suspension oferecida de série.

A primeira experiência de condução com o novo topo de gama da casa francesa teve início com um percurso de cerca de uma centena de quilómetros ao volante de um DS 9 E-Tense, e os primeiros elogios vão para a apelativa estética exterior, assim como para um habitáculo tão espaçoso quanto refinado, repleto de materiais e acabamentos de qualidade superior, e de inúmeras soluções que contribuem de forma decisiva para o excelente ambiente que se vive a bordo. A posição de condução também é óptima, do mesmo modo que não falta toda aquela tecnologia contemporânea que em tanto facilita o convívio e a interacção com o automóvel, seja em termos de conforto, como de conectividade e, claro está, de segurança, activa e passiva.

No arranque, o DS 9 E-Tense arranca sempre no modo eléctrico, tendo ainda o condutor à sua disposição os modos Híbrido (gere de forma automática as diferentes fontes de energia, para a maior eficiência de combustível em função das solicitações e das condições de utilização) e Sport E-Tense, aquele que permite explorar ao máximo todas as capacidades do grupo motopropulsor. Para ajudar a gerir a função 100% eléctrica, existem, igualmente, as opções E-Save (permite manter a carga da bateria num dos vários níveis pré-programáveis, para utilização a posteriori) e a funcionaidade “B”, seleccionável através da alavanca de comando da caixa de velocidades, que aumenta a regeneração de energia em desaceleração.

Naturalmente que, num tão breve contacto, não foi possível explorar na íntegra todas as capacidades do modelo, mas os primeiros quilómetros, percorridos em modo eléctrico, deixaram a firme convicção de que não será difícil, com alguma contenção e dedicação, cumprir cerca de 60 km em cidade sem recorrer ao motor a gasolina, e até um pouco mais fazendo bom uso da referida função “B”. O que também está acima de qualquer suspeita é o exemplar conforto de marcha, seja qual for o tipo de piso sobre o qual se circule, mesmo os mais demolidores, merecendo bem o DS 9 o epiteto de “tapete rolante”.

Aumentado um pouco ritmo, já fora do perímetro urbano, destaca-se, desde logo, a resposta sempre franca da motorização, o que garante uma condução extremamente fácil e agradável tanto em estrada aberta como em auto-estrada, sendo, até, recomendável dedicar atenção redobrada ao velocímetro, pois facilmente se atingem velocidades proibidas (e proibitivas…) sem que seja essa a intenção, por via de uma notável estabilidade a alta velocidade, de um baixo ruído de funcionamento do motor, de um óptimo isolamento acústico do habitáculo e de uma suspensão que torna imperceptíveis para os ocupantes as imperfeições do asfalto. Já em percursos mais sinuosos, em que os mais exigentes poderão sempre fazer uso das patilhas no volante para comandar manualmente em sequência a caixa de velocidades, pese embora este não seja um automóvel concebido para proporcionar uma condução verdadeiramente desportiva, não deixa de ser apreciável a forma como o chassis gere as transferências de massa, controlando com grande competência os movimentos da carroçaria, com a direcção suficiente directa, e a frente rápida e precisa q.b., a garantirem um comportamento em curva digno de registo para um automóvel com estas dimensões, peso e vocação.

Houve ainda tempo para percorrer pouco mais de duas dezenas de quilómetros com o DS 9 E-Tense 4×4 360. Ainda mais veloz, em todas as vertentes, do que a versão de 225 cv, o tempo disponível não permitiu retirar grandes conclusões acerca das suas restantes competências no plano dinâmico, mormente as derivadas de uma diferente afinação de chassis, de um sistema de travagem mais poderoso, de um controlo de estabilidade mais permissivo e do facto de contar com tracção integral. Contudo, um pequeno desvio ao percurso definido pela DS, para enfrentar uma estrada de mau piso, permite antever que, nem com pneus de perfil mais baixo, o conforto se ressente de forma perceptível, o que não deixa de ser altamente meritório.

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zyrgon