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Aqui entre amigos…

Artigo
Aqui entre amigos…

Sou daqueles que acredita que, na vida, pelo menos tão importante quanto a família são os amigos. Talvez por ter tido o privilégio de ter sido escolhido para tal por alguns daquela estirpe que vale a pena – os verdadeiros! Falarei hoje aqui de cinco, e tão somente porque, de uma forma ou de outra, todos têm que ver com este magnífico mundo dos motores, logo, mesmo que indirectamente, com o tema principal deste texto.

O primeiro dispensa apresentações. Chama-se Domingos Piedade. E é a ele que este espaço pertence. Há já mais de duas décadas, era eu um mero catraio iniciante nestas lides do jornalismo automóvel, e já ele detentor de um currículo porventura único neste domínio em Portugal, que me acolheu no seu círculo mais próximo como se eu fora um veterano. São daquelas coisas que não se esquecem, de tal modo nos marcam. Daí só podendo nascer, mais do que uma amizade, uma ligação não menos forte do que as de sangue. Inolvidável, inquebrável e eterna.

Um daqueles imponderáveis em que a vida é fértil surpreendeu-o há algumas semanas atrás. Com aquela tenacidade de sempre, não vacilou e, claro está, venceu. Está de volta. Para ficar. E já a partir de Maio dar-nos-á o prazer da sua escrita sempre mordaz, pelo menos uma vez por mês, aqui na Absolute Motors. O que tenho para lhe agradecer é mais do que o que nestas páginas cabe!

Aquele a quem tenho a honra de chamar pai também não podia ser aqui esquecido. Porque, vai para 25 anos, não hesitou em desafiar-me para abraçar a profissão que ainda hoje desempenho. Tudo fazendo para que o sonho se tornasse realidade. Ainda por aqui ando, o que não deve ser mau sinal… Obrigado, pai!

Estávamos, então, bem no início da década de 1990 quando outro grande amigo, já personalidade de relevo deste meio, teve a amabilidade de considerar que algo eu tinha para lhe dar. Foi quando o João Reis decidiu por mim interceder junto de uma figura quase mítica deste sector – Joaquim Pelejão Marques, à época um dos responsáveis pelo já extinto jornal Motor, autêntica escola do jornalismo automobilístico português durante tantos anos, por onde passou a maioria dos seus representantes. Foi também aí, e graças a ambos, que me iniciei, marcando-me profundamente o Joaquim pela fineza do trato, pela generosidade, pelo seu gosto pela vida.

Não me quero alongar em cumprimentos e elogios a todas estas referências de um percurso que é pessoal, até porque duvido tivesse arte para os enaltecer da forma que o merecem. Mas não quis deixar de invocá-las para melhor enquadrar o tema fulcral destas linhas. Porque tudo se passou numa época muito especial. Porque, apesar da enorme paixão que mantenho pelos motores em geral, e pelos automóveis em particular; apesar da andar a escrever sobre automóveis há já quase 25 anos –  por razões que agora pouco importam, nunca fui o maior dos adeptos do desporto automóvel. Mas não deixei de ter, aqui e ali, os meus ídolos também nesta matéria.

O maior de todos? Ayrton Senna. Sem dúvida. Faz em breve vinte anos que nos deixou. E, com ele, um vazio que ainda não vi ser preenchido – nem creio alguma vez o seja. Foi o único piloto que alguma vez me fez ficar pregado à televisão para ver Grande Prémio de Fórmula 1 após Grande Prémio de Fórmula 1 só porque sim. Até então, e desde então, faço-o apenas quando posso, ou quando tenho, por imperativos profissionais, a obrigação de o fazer. O prazer, esse, nunca mais foi o mesmo (e muito menos agora, mas essas são contas de outra rosário…).

Não o conheci pessoalmente. Mas, ainda hoje, é com irreprimível admiração (e uma pontinha de inveja…) que olho – quando não lhe pego e toco!… – para um dos seus capacetes expostos no escritório do Domingos Piedade, onde me habituei a vê-lo ao longo de tantos anos. Não sei se foi o melhor de sempre. Mas sei que, para mim, sê-lo-á sempre.

E, por tudo isto, será fácil imaginar a satisfação que se encontra quando outro bom amigo decide escolher para tema do seu primeiro livro a vida de um nosso ídolo. Uma vezes mais de perto, outras nem tanto, fui vendo o Rui Pelejão crescer – enquanto homem, enquanto pessoa, enquanto profissional do jornalismo automóvel (e não só!). Pelo nome, imaginarão de quem é filho… Por sinal, 1994 foi, também, o ano em que o Joaquim nos deixou.

A sua estreia no mundo literário começou oficialmente ontem. Dia em que escrevo estas linhas e em que foi posto à venda entre nós o livro “A paixão de Senna”. Por isso (e porque o autor não teve a gentileza de me enviar previamente um exemplar…) adianto que ainda não li mais do que o primeiro capítulo. Mas essas primeiras linhas, e o que conheço da sua inteligência rara, do seu sentido de humor precioso, da qualidade da sua escrita, são elementos suficientes para ter a certeza que vale a pena.

Por ora, ficam os parabéns pelo feito que é dele – mas de que também me orgulho, como sempre nos orgulhamos dos feitos dos nossos amigos; como os pais se orgulham dos feitos dos seus filhos, e não tenho dúvidas de que o Joaquim se orgulharia deste. Vou agora comprar “A paixão de Senna” – para já online, que nas livrarias só estará disponível a partir de 22 de Abril. Para os que ainda o não fizeram, partilho a ligação que permite ler o primeiro capítulo: http://m.wook.pt/ficha?id=15677379. Seguro de que irão querer ler o resto. Para o Rui fica aquele abraço! E o desafio para o inevitável autógrafo com dedicatória, na companhia do nosso sempre fiel amigo irlandês…

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zyrgon