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Beber e conduzir

Artigo
Beber e conduzir

Em Portugal, todos os anos se verifica que cerca de 35% dos condutores mortos em acidentes rodoviários apresentam taxas ilegais de álcool no sangue, ou seja iguais ou superiores a 0,5g/l.

Dados da fiscalização apontam para uma percentagem de condutores fiscalizados muito inferior, e muito recentemente, observações feitas pela PRP com o apoio no terreno da GNR e da PSP apontam para que a percentagem de condutores que circula com taxas ilegais não chega a 2%. Isto significa que, ano após ano, 2% dos condutores que em cada momento conduz com mais álcool do que tem sido considerado aceitável para garantir que as capacidades para a condução não são afectadas, é interveniente num número brutal de acidentes, nomeadamente acidentes graves, de que resultam 35% dos condutores mortos, sendo de prever que deles resultam igualmente um número muito elevado de vítimas mortais entre os outros utentes, para além do enorme número de vítimas que, não morrendo, sofrem lesões de maior ou menor gravidade, muitas das quais se mantêm para o resto da vida.

Estes dados mostram claramente que é da maior importância implementar as políticas adequadas a garantir uma significativa redução do número de condutores que circulam com TAS igual ou superior à que a lei permite.

Essas políticas devem combinar de forma coordenada a educação do cidadão (na escola, desde o ensino pré-escolar),a formação do condutor (é manifestamente insuficiente conhecer a lei, mas é determinante perceber como é que o álcool afecta as diversas fases da função condução), a contínua comunicação com os utentes (necessidade absoluta de segmentar a audiência e comunicar de acordo com as características e necessidades de cada segmento), a fiscalização e correspondente punição dos infractores (o ideal é a aplicação de  medidas que sejam simultaneamente punitivas e educativas), e o tratamento dos dependentes do álcool (importante considerar a introdução do alcolock no âmbito das soluções que permitam compatibilizar a condução com a dependência do álcool).

Dado que considero este tema como um tema chave para reduzir de forma sustentada o número de mortos e de deficientes para o resto da vida que, ano após ano, se vai acumulando no nosso país na sequência de acidentes rodoviários, desenvolverei nos próximos meses aquilo que a PRP considera como mais adequado para cada área citada nas políticas a implementar.

José Miguel Trigoso
Presidente do Conselho de Direcção da PRP

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