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Futuro automóvel asfixiante?

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Futuro automóvel asfixiante?

A questão do desenvolvimento de veículos utilizando energias alternativas tem originado apaixonadas e filosóficas discussões entre todos nós, sobretudo entre os que gostam de rodas e motores.

Estas discussões são normalmente alimentadas pela proporcionalidade entre os diferentes custos ambientais necessários à produção de algumas dessas energias alternativas, à sua armazenagem nos veículos, ao abastecimento, aos próprios propulsores e à eficiência e desperdício energético, considerando todo o ciclo até aos resíduos.

A limitação nas autonomias é também outra questão não consensual e que, por isso mesmo, condiciona e em muitos casos prejudica decisivamente a adesão do mercado aos veículos movidos a energias alternativas.

As experiências têm sido muitas e diversas, desde a água (lembram-se do invento português de 1976?) ao hidrogénio, à eletricidade, etanol, solar, etc, mas ainda não houve o necessário equilíbrio entre as necessidades dos utilizadores e os atributos oferecidos por essas máquinas.

Todavia pouco se tem falado dos esforços que, sobretudo desde 2006, marcas como a Tata, a Honda e o grupo PSA (para além de outros menos conhecidos) têm feito no sentido de desenvolverem um veículo movido com um motor e energia singulares. Falo do «ar». Sim, dos motores movidos a ar comprimido ou uma variante interessante gasolina-ar, na qual o motor a combustão serve essencialmente para reencher o depósito de ar comprimido.

As vantagens num sistema deste tipo são várias, desde logo no custo do fabrico do veículo, como na sua utilização. A autonomia pode chegar aos milhares de quilómetros (gasolina-ar), os gases de escape são inócuos, há menor ruído de motor, etc etc.

Embora algumas daquelas marcas (às quais se devem juntar os coreanos e alguns fabricantes norte-americanos) tenham já passado à segunda fase de desenvolvimento, para limar algumas «arestas» técnicas próprias de uma tecnologia nova, a comercialização em segurança destes veículos ainda deve tardar mais algum tempo.

Como sempre nestas coisas, a velocidade de desenvolvimento dependerá, claro está, do comportamento do preço do petróleo nos mercados internacionais.

Ao investigar um pouco sobre isto, concluo que esta possibilidade já havia sido testada nos anos 20 do século passado e que o seu grande impulsionador na presente era é um engenheiro francês, de seu nome Guy Négre, que nela trabalha desde, pelo menos, há 20 anos. Anteriormente engenheiro de motores de Formula Um, Guy montou a sua própria empresa em 1992 e desde então tem dedicado a sua vida e conhecimento a este projeto.

Ainda que haja, porventura, um longo caminho a percorrer nesta segunda fase, o certo é que os primeiros veículos protótipos construídos tinham pouca autonomia – 150 a 200 kms – e uma velocidade limitada aos 30 a 50 km/h. Atualmente, os protótipos em teste, já ultrapassam os 4 mil kms de autonomia, os 120 km/h e (muito importante) com um ruído de motor cativante!

São dados promissores, como promissor será aparentemente o preço de mercado, na ordem dos 12 500 euros e, claro está, do (esperemos) baixo custo de “combustível” por km.

Também é certo que a atual rede de postos das gasolineiras teria de ser adaptada para o abastecimento de ar comprimido e isso demorará o seu tempo, uma vez que por razões técnicas e de segurança (4500 psi) esse reabastecimento não é desejável que seja feito em nossa casa.

Importante é que as nossas discussões entre amigos não terminarão aqui: haverá “ar” suficiente na atmosfera para todas estas máquinas e também para todos os seres vivos?

Mário Lopes
ATLAS Seguros
(Mariojglopes@gmail.com)

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