Kia cee’d SCoupe 1.6 CRDi ISG TX

É evidente, e mais do que merecido o seu reconhecimento, o notável trabalho que a Kia tem desenvolvido – com êxito, saliente-se! – para evoluir e aperfeiçoar os seus produtos em geral, e os destinados à Europa em particular. Os seus resultados comerciais no Velho Continente espelham isso mesmo, e serão hoje poucos os construtores, mesmo os mais consagrados, que não temem a concorrência directa do construtor sul-coreano.

Serve o intróito para constatar que, não obstante todos esses méritos, há ainda algum caminho a percorrer pelo fabricante asiático em termos de imagem de marca e reconhecimento público, que lhe permita assumir , por vezes, uma atitude mais ousada. Prova-o bem o novo cee’d SCoupe, aqui avaliado na sua versão Diesel mais dotada em termos mecânicos e de equipamento – a 1.6 CRDi ISG TX.

Logo num primeiro olhar, confirma-se que esta é a variante visualmente mais apelativa do compacto da Kia, graças à supressão das portas traseiras, à linha de tejadilho 40 mm mais baixa, ao recuo de 210 mm do pilar central e aos novos painéis e vidros laterais traseiros – a que junta a grelha e a assinatura das luzes diurnas por LED específicas . Só que esta aparência mais dinâmica fica-se por isso mesmo – pela aparência -, já que em tudo o resto o cee’d de três portas pouco ou nada acrescenta à variante de cinco portas… à excepção da maior ginástica exigida para aceder aos lugares traseiros (vale-lhe , em compensação, que o espaço habitável – inclusive atrás – e a capacidade da mala continuam a ser de muito bom nível para o segmento).

Apesar da designação, e do formato da carroçaria, no que respeita ao comportamento dinâmico, o cee’d SCoupe convence mais pelo binómio previsibilidade/conforto do que pela eficácia ou envolvência

Desenganem-se, pois, os que poderiam crer que os ares de pequeno coupé deste cee’d SCoupe 1.6 CRDi ISG TX traduziriam uma atitude dinâmica a condizer. O motor, apesar de cumprir com o exigível, não é uma referência em termos de ruído, e lida melhor com os baixos regimes do que com os intermédios ou os mais elevados – outra prova de que uma condução mais empenhada não é a princpal vocação do modelo. A caixa é suave mas não muito rápida e as prestações apenas correctas, sendo mais convincentes os consumos.

O motor, não sendo uma referência da classe em termos de rendimento, faz com que as prestações do cee’d SCoupe 1.6 CRDi ISG sejam não mais do que aceitáveis. Mais apelativos são os consumos

Já o comportamento tem na honestidade e na previsibilidade o seu maior argumento, sendo muito difícil este Kia deixar o seu condutor perante situações de difícil resolução. A afinação da suspensão a tender para o macio é irrefutável garante um apreciável nível de conforto mas torna a condução muito pouco envolvente ou estimulante em ritmos mais empenhados, no que é secundada por uma direcção de assistência eléctrica pouco preciso e algo vaga, algo que nem o facto de oferecer três modos de funcionamento seleccionáveis pelo condutor – Confort, Normal e Sport – contratria, já que são praticamente imperceptíveis as diferenças entre eles. Os pneus Hankook Ventus Prime2 estão, também longe de constituir uma mais-valia para o agrado de utilização…

Menos criticáveis, o nível de qualidade de construção, materiais e acabamentos; a completa dotação de equipamento de série; e o preço bastante competitivo. Por tudo isto, o Kia cee’d SCoupe 1.6 CRDi ISG TX acaba por ser uma proposta interessante para os que, não necessitando de utlizar regularmente os lugares traseiros, pretendem um modelo desta categoria com uma aparência apelativa e dinâmica (que acaba mesmo por ser o seu principal argumento de venda), mas não procuram, necessariamente, um temperamento a condizer com a imagem exterior.