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As mulheres ao volante!

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As mulheres ao volante!

De acordo com os dados disponíveis mais recentes (2010 da EU) em Portugal morreram em acidentes rodoviários 143 homens por milhão de habitantes e apenas 37 mulheres por milhão de habitantes.

Na UE (a 24 países), no mesmo ano verificou-se a morte de 96 homens e 29 mulheres por milhão de habitantes. Daqui se tiram duas conclusões significativas:
1. O risco de morte em acidente de viação é claramente superior nos homens do que nas mulheres – 3,9 vezes mais em Portugal e 3,3 vezes mais na média da EU.
2. A situação em Portugal, relativamente à média da EU, é mais grave no que respeita à sinistralidade dos homens (+49,0%) do que à sinistralidade das mulheres (+27,6%).

Esta situação verifica-se relativamente a todos os tipos de utentes – nos dados nacionais de 2012, os homens constituíram 58,5% dos peões mortos, 55,6% dos passageiros mortos e incrível cifra de 92,3% dos condutores mortos.

Porquê esta brutal sobre representação do sexo masculino na sinistralidade rodoviária grave?

Por três muito importantes razões:
1. Uma tremenda autoestima das suas capacidades, sobretudo como condutores, que os leva a correrem riscos anormalmente elevados na estrada, que não correm normalmente noutras situações.
2. O convencimento de que conseguem conduzir em segurança após terem consumido bebidas alcoólicas, “porque vão com muito cuidado…”, não conseguindo interiorizar que os efeitos do álcool nas diversas fases da função condução também deterioram as suas capacidades para conduzir, e não só as dos outros (dos condutores autopsiados na sequência da morte em acidentes, 35% apresentam taxas ilegais de alcoolemia!!!)
3. A velocidade de embate nos acidentes com homens ao volante é significativamente superior à velocidade de embate nos acidentes com mulheres ao volante, pelo que as consequências são muito mais graves (as mulheres condutoras são intervenientes em 27% dos acidentes, mas apenas representam menos de 8% dos condutores mortos). Também neste particular há um generalizado sentimento de controlo, porque “conduzo bem e tenho um carro que me permite conduzir a velocidades bem mais elevadas do que as permitidas…”.

Estes dados permitem-me lançar um desafio – quando forem de férias, passear ao fim de semana em família ou no trajecto diário entre casa e trabalho, vamos dar o volante às mulheres. Querem uma aposta de que vamos reduzir a sinistralidade de forma significativa?

José Miguel Trigoso
Presidente do Conselho de Direcção da PRP

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