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Os cenários da energia e o ambiente

Artigo
Os cenários da energia e o ambiente

Os cenários ajudam-nos a identificar as potenciais mudanças e as distintas realidades, considerando a probabilidade de interacções entre as diferentes perspectivas e possibilidades, e com eles prepararmos o futuro.

No mínimo, desenvolvemos sempre dois cenários alternativos com as respectivas perspectivas mais ou menos arrojadas, e consideramo-los viáveis num mundo ideal.

Assim acontece também no que concerne ao mundo da energia e do ambiente, onde os grandes conhecedores e estudiosos da matéria, desenvolvem matrizes que descrevem a transformação e as transições ocorridas e as extrapolam, tentando antecipar sustentadamente o que vai surgir ao longo das próximas décadas, e levando à discussão baseada nos diferentes pontos de vista e interesses, as críticas, em ritmo e forma de política regulamentar e de mudança tecnológica. Em concreto, eles vão ajudar a preparar a participação responsável no futuro. Contudo, a construção de cenários da evolução destes dois elementos intrinsecamente ligados, fica sempre intimamente dependente da dimensão dos países e do seu desenvolvimento. O que ocorre em gigantes populacionais como a China e Índia, que entraram numa fase intensiva do consumo de energia e de crescimento económico através da industrialização e construção de infra-estruturas e do aumento exponencial da mobilidade, criam pressões do lado da procura e estimulam a oferta de alternativas mais eficientes do uso de energia que podem, por si só, não ser suficientes para compensar as tensões crescentes da procura e decepcionar as aspirações de milhões de pessoas, se forem adoptadas políticas que possam desacelerar o crescimento económico.

Contudo, e apesar de nos últimos tempos os conflitos que se desenrolam em diferentes partes do mundo e o ébola dominarem as atenções Mundiais da comunicação e não se ter falado muito destas matérias, a verdade é que os mais preparados e conhecedores afirmam que o “stress” ambiental está a aumentar. E isso porque, mesmo que fosse possível manter a actual participação dos combustíveis fósseis na matriz energética mundial e responder ao aumento da procura, as emissões de CO2 estão num caminho de desenvolvimento que podem ameaçar seriamente o bem-estar humano. Ou seja, mesmo com moderação do uso de combustível fóssil e a gestão eficiente do CO2, o caminho a seguir é ainda altamente desafiante. Permanecer dentro de níveis desejáveis ​​de concentração de CO2 na atmosfera vai-se tornar cada vez mais difícil.

Como a população Mundial mais do que duplicou desde a década de 50 do século passado e a projecção é que ela venha a aumentar cerca de 40% até 2050, é necessário ter em conta os dados históricos, os quais mostram que quanto mais recursos a população, tem mais energia consome, sendo disso exemplo, o crescimento da população e do PIB em países em desenvolvimento.

Então, percebemos porque é que os países mais poderosos do mundo se mostram preocupados com a evolução da procura e da oferta da energia e dos seus efeitos sobre o meio ambiente. Estão certamente a reconhecer que, significativas mudanças têm que ocorrer e que elas podem acarretar transições revolucionárias e causadoras de considerável turbulência. Será por isso certo, que os preços e a tecnologia conduzirão a algumas dessas transições, sendo as escolhas políticas e sociais, cruciais.

Estarão as pessoas a começar a perceber que o uso de energia tanto pode nutrir como ameaçar o que eles mais valorizam: – a saúde, a comunidade o meio ambiente, o futuro de seus filhos e do próprio planeta? Dado que a mudança é inevitável, certamente que essas esperanças ou medos, profundamente pessoais, podem intensificar-se e interagir de forma muito diferente, gerando resultados colectivos de aceitação ou rejeição de um tipo de energia.

Apesar do aumento da retórica, a acção para combater as alterações climáticas e encorajar a eficiência energética é continuamente empurrado para o futuro, o que conduz a que a atenção largamente sequencial da oferta, da procura e dos “stresses” climáticos apenas sejam seriamente tratados como consequência de grandes eventos climáticos que estimulam respostas políticas.

A falta de cooperação, a exacerbada globalização e as tensões dentro e entre as nações, distrai os políticos da necessidade de tomarem atitudes e construir cooperações internacionais para enfrentar a questão energética e o desafio das alterações climáticas.

Na verdade, os principais detentores de recursos são cada vez mais os fabricantes das regras e não os que as têm que seguir. Eles usam a sua crescente importância no mundo para influenciar políticas internacionais. Apesar dos claros cenários de degradação ambiental e da necessidade de serem tomadas medidas globais inteligentes e vinculativas, o que se verifica é que há enormes disparidades no desempenho económico e energético de diferentes países, sendo que as nações basicamente se preocupam com o seu desenvolvimento, esforçando-se para adquirir a energia necessária ao crescimento da sua economia, enquanto os países ricos lutam para adaptar os seus padrões de consumo de energia, de forma a manter os seus actuais estilos de vida.. No entanto, a disputa por energia a nível nacional é constantemente prejudicado pela realidade inevitável de que os países são interdependentes. Laços económicos e políticos complexos, bem como estruturas logísticas partilhadas, significam que garantir a segurança energética de uma nação, requer alguma cooperação com outras. Os problemas que surgem inevitavelmente, são tratados lenta e ineficientemente, em virtude da falta de legislação internacional, de estruturas e da fraqueza das instituições multilaterais.

Em conclusão, o foco na manutenção do crescimento económico, especialmente nas economias emergentes, deixa a agenda das alterações climáticas negligenciada, uma paralisia que permite que as emissões de CO2 na atmosfera continuem a crescer implacavelmente.

Aníbal Vicente
Gerente da Sogilub

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